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terça-feira, 28 de abril de 2020

Somos todos Nazistas



Afinal como disse Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”. Cuidado, pois o poder em qualquer nível é um convite a corrupção em nome da realização do “bem total”. 




Escrevo essa reflexão no dia 25 de abril de 2020, o sábado após o pronunciamento e pedido de demissão do então ministro da Justiça Sérgio Moro. Como bem sabemos ele saiu por considerar a exoneração do então diretor da Polícia Federal uma intervenção política do presidente da República, que segundo ele afirmou que era isso mesmo.

Mas qual a relação disso com o cristianismo? Sempre afirmo que meu maior objetivo é mostrar como o cristianismo é uma forma de ver o mundo, a realidade, não uma mera crença, como muitos tentam afirmar. Se o presidente entende que tem autoridade para fazer o que quer, bem como o ministro acha que sua opinião e atitudes são virtuosas a ponto de gerar obrigatoriedade de aceitação pelos outros, isso é uma postura totalitária.

Como nos lembra Luiz Felipe Pondé[1] (2019, p.159), totalitarismo é muito mais complexo que grupos radicais como os Skinheads ou a Ku Klux Klan, grupos xenofóbicos cujo objetivo é exterminar etnias ou outros grupos, segundo Pondé a essência da personalidade totalitária (nazista ou fascista) é acreditar que está fazendo o bem para todos e em nome desse “bem total” se justifica atitudes totalitárias.

Sendo assim é importante, como cristãos não embarcarmos em ideologias, pois a idolatria, seja a quem for, chamando de mito ou nos curvando às bobagem do sindicalista que se diz mais honesto que Cristo, é um pecado, levando a uma vida secularizada, nos tirando do caminho da Salvação em Cristo Jesus.

Em Provérbios (livro que junto com Eclesiastes são meus dois preferidos, exatamente por nos ensinar a viver neste mundo[2]) Salomão nos alerta sobre a necessidade de duvidarmos do nosso próprio entendimento (Pv 3.5), no mesmo livro o autor afirma que não temos condições de fazer escolhas isentas de falhas (Pv 16.25) e ainda nos mostra que o sábio não é aquele que sabe muito; mas aquele que sempre busca aprender (Pv 9.9; 12.1; 13.1).

Dito isto, não podemos depositar nossas esperanças em um homem, ter messias em seu nome é apenas uma coincidência, nem mesmo pensarmos que uma ideologia política, personificada em um operário, supostamente representante dos menos favorecidos irá resolver tudo e criar um paraíso.

É exatamente essa crença ingênua e contrária ao ensino bíblico que levou a Europa a uma frieza espiritual extrema, tudo bem que são muito ricos e conseguiram criar uma sociedade abastada, mas isso vem cobrando seu preço nos últimos anos, basta vermos os problemas financeiros da Grécia e Portugal, tensões na Espanha, e a saída da Inglaterra do bloco. Mas é esse abandono do ensino da redenção pela mão de Deus e crença na redenção pela política, um dos principais fatores que levaram ao abandono da fé.

Cuidado meu nobre irmão ao depositar suas esperanças e brigar para defender Jair Bolsonaro, Moro, Mandeta, Lula, ou qualquer outro. O fracasso da igreja nos dias de hoje está muito atrelado à nossa idolatria, nos tornamos totalitários, pois acreditamos que nossas crenças e opiniões são um “bem universal” para todos. É assim que todos nos tornamos totalitários – Nazistas ou Fascistas, pode escolher o que mais gosta.

Duvide meu irmão! Duvide de si mesmo! Por mais difícil que seja. Como nos lembra Nassim Taleb[3] (2008, l.1783), não criar narrativas e interpretações é muito difícil, exige muito esforço; aderir a narrativas e ideias prontas é mais fácil, pois para vermos os fatos é preciso duvidar como fizeram os crentes de Bereia (Atos 17). Como eles, tenham a bíblia como fonte de verdade absoluta. Quanto às narrativas, sempre duvide.

Afinal como disse Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”. Cuidado, pois o poder em qualquer nível é um convite a corrupção em nome da realização do “bem total”. Que Deus nos ajude a seguirmos unicamente a Sua Palavra (Sl 119.105).




[1] PONDÈ. Luiz Felipe. Saudades de Deus e outros textos. Três Estrelas 2019. [Clique aqui]
[2] Não que os demais, em especial os evangelhos e as cartas do novo testamento, não nos ensine como viver, mas entendo Eclesiastes e Provérbios como os principais.
[3] TALEB. Nassim Nicholas. A lógica do Cisne Negro. Tradução de Marcelo Schild, Best Seller, 2015. Versão Kindle [Clique aqui



terça-feira, 14 de abril de 2020

A verdadeira oração há muito esquecida


"a oração é um exercício de humildade, de reconhecimento da nossa condição perante Deus, isso foi há muito esquecido pelas ultimas gerações"



Há umas semanas, em uma reunião com jovens por vídeo conferência, foi feita uma pergunta; se existe uma forma correta de orar. As respostas giraram em torno da sinceridade e de a quem a oração deve ser direcionada, se é certo orar ao Filho ou ao Espírito Santo.

Lá pelas tantas fiz uma intervenção lembrando que devemos sim seguir o ensino de Cristo na oração do Pai Nosso, ou seja, a nossa oração deve sim ser direcionada ao Pai, composta de glorificação a Deus (santificado seja o teu nome); pedindo pelas coisas celestiais, salvação, vida eterna (venha a nós o teu Reino); uma confissão sincera de submissão a Deus (seja feita a tua vontade); pedir pelas nossas necessidades (o pão nosso de cada dia nos dai hoje), sabendo que Cristo não morreu para nos dar coisas materiais; suplicando perdão conscientemente (perdoai nossas ofensas), não adianta pedir perdão sem arrependimento ou de falhas que não sabemos que cometemos; por fim pedir que para não cedermos a tentações e sermos livrados do mal, do pecado e da morte que o pecado impõe.

Além disso, lembrei que não basta a sinceridade mas a consciência de que Deus só nos atende através de Jesus, Ele é nosso intercessor, nosso advogado (I João 2.1). Jesus mesmo disse que se pedirmos em nome Dele o pai nos concederá (João 1.13).

Mas principalmente coloquei para aqueles jovens que não sabemos como orar (Romanos 8.26), não sabemos o que pedir, nem como pedir, em outras palavras, só Deus sabe o que é melhor para nós, portanto não adianta ficarmos nos apegando a divagações teológicas nem a sentimentalismos, precisamos conscientemente entender nossa condição tão pequena diante de Deus.

Hoje, em um sábado, ouvindo o louvor “A Calma[1]”, composto pelo irmão Diego Albuquerque[2], vi a síntese de tudo que falei acima, veja a primeira estrofe:

É na oração
Que fiz de coração
Que encontrei a calma
Que acalenta a alma
Onde o meu eu
Se submete a Deus
A paz que me invade
E traz a liberdade pra viver

Nessa letra o irmão em Cristo expressa exatamente, com a beleza que apenas um artista e poeta consegue, aquilo que jamais um teólogo ou simples professor como eu conseguiria ensinar pela rigidez da exegética: 1º) Sim a oração deve ser sincera, afinal de contas Deus sabe de tudo, não há a menor possibilidade de enganá-lo; 2º) A oração sincera é aquela em que nos submetemos a Deus, reconhecemos que Ele é Senhor e nós devemos aceitar a sua soberana vontade; 3º) Apenas a oração sincera, um exercício de submissão a Deus nos dá liberdade para viver[3]; a submissão a Deus nos faz entender a nossa condição, nos libertando da ilusão do nosso eu, de que temos algum valor em nós mesmos que atraia Deus, tudo que Deus dá é ato de amor e misericórdia.

Isso me lembra o livro do filósofo e pastor batista Jonas Madureira:Inteligência Humilhada[4]”, nessa majestosa obra teológica o pastor defende que não nos humilhamos diante de Deus, pois já somos humilhados, é uma condição humana estar humilhado diante de Deus. Enfim, a oração é um exercício de humildade, de reconhecimento da nossa condição perante Deus, isso foi há muito esquecido pelas ultimas gerações, passamos a determinar, não mais pedir a Deus, a fé passou a ser sinônimo de grandeza, quando deveria ser reconhecimento de pecado e carência de Deus. O amor de Deus deve nos constranger não nos envaidecer. Que Deus tenha misericórdia de nós.

Por fim, apenas uma breve observação: não quero enaltecer a arte e a música em detrimento do ensino, tampouco pretendo o inverso; apenas quero deixar claro que o ensino e a arte devem andar juntos. Não precisamos que a arte seja exegética, é necessário deixar a emoção falar; basta que cada um cumpra o seu papel, a quem cabe ensinar que ensine com esmero (Romanos 12.7), e o músico que expressar através da arte e talento que Deus lhe deu as suas experiências com Ele. Dessa forma a igreja de Cristo irá anunciar a todos a salvação em Jesus.



[1] Ouça o louvor pelo YouTube [clique aqui]
[2] Acesse o canal do YouTube [clique aqui]
[3] João 8.32
[4] Adquira seu exemplar pela Amazon [clique aqui]



terça-feira, 7 de abril de 2020

O Poço – Ideologia Insuficiente


...o protagonista, mesmo no fundo POÇO ainda acredita no “POSSO mudar a realidade”

...nada de bom vem de homens egoístas, pois até o que tentamos fazer de bom não passa de atitudes egoístas que visam nossos próprios interesses (Isaías 64.6).






No ano passado (2019) apresentei um trabalho no Encontro Nacional de Filosofia da Uninter (faculdade em que curso Filosofia) com o título “Ideologia Insuficiente[1], esse trabalho teve origem em uma resenha que publiquei na revista Percurso Acadêmico sobre o conto de Machado de AssisIgreja do Diabo” sob o título “Direito do Diabo[2]; em ambos os textos basicamente defendo que uma ideologia, seja ela qual for, é insuficiente para explicar a realidade.

Na obra do “imortal”[3] Machado de Assis o diabo comunica a Deus que fará sua própria igreja e seus ensinos serão totalmente contrários aos de Deus, bem como as praticas ensinadas serão todas contrárias aos costumes vigentes. Para a surpresa do diabo, em pouco tempo as pessoas voltaram a praticar as virtudes de outrora. Percebo nisso que não adianta querer impor costumes, comportamentos, seja pela lei (imposição legal que chamo de Direito do Diabo em minha resenha) ou por narrativas, embora essa ultima seja eficaz exatamente pela sua sutileza.

Mas seja qual for o método de imposição de uma ideologia ele fracassará mais cedo ou mais tarde; e esse fracasso, bem como os suas razões são expressas no final do filme “O Poço”.

Para quem não viu o filme – aconselho que não vejam caso tenham estômago fraco, pois é violento, polêmico e não tem um final feliz, se é que tem um final... E mais, em hipótese alguma permita que crianças e adolescentes assistam a esse filme.

Trata-se de uma estrutura vertical, com dois indivíduos em cada andar, ninguém sabe ao certo quantos andares têm, até que uma ex funcionária da administração afirma existir 250 andares. Diariamente desce uma plataforma com comida que para por um curto espaço de tempo em cada andar para que as pessoas se alimentem. Claro que aqueles que estão e cima comem mais, até que não sobre nada para aqueles que estão nos últimos níveis. Detalhe, a cada mês os indivíduos são mudados de nível.

O protagonista, ao acordar no nível 6, calcula o tempo que a plataforma demora para voltar a subir e com isso faz um estimativa de quantos andares tem, com a ajuda de seu companheiro de nível ele resolve descer e distribuir a comida de modo que todos possam comer. Começam usando de violência e decidem não dar alimento algum aos 50 primeiros níveis e a partir do nível 51 começar a distribuir comida.

Contudo antes de chegar no nível 51 eles encontram um homem na cadeira de rodas que diz ser necessário primeiro tentarem convencer as pessoas a acreditar neles, caso não aceitem ai sim devem recorrer a violência pois uma mensagem deve ser entregue. Argumento típico de quem defende ideologias, afinal eles sabem o que é melhor e por isso vale tudo.

A medida que descem os confrontos são mais intensos, descobrem que a plataforma não para em níveis onde não há pessoas vivas, o que coloca a matemática do protagonista em xeque; para sua surpresa ainda maior, há muito mais que 250 níveis, são na verdade 333, uma clara alusão ao apocalipse bíblico.

Mas o que quero ressaltar é o que Nassim Nicholas Taleb, em seu aclamado “A lógica do Cisne Negro”nos diz, sabemos muito menos do que achamos saber, e o pouco que sabemos é de uma irrelevância imensa. Afirmação perturbadora, ainda mais para aqueles que defendem ideologias e não se importam com a verdade.

No final, o protagonista, mesmo no fundo POÇO ainda acredita no “POSSO mudar a realidade”. Ele não admite sua ignorância, não percebe que nem mesmo a administração sabia a verdade, pois acreditava estar enviando comida suficiente e apenas o egoísmo impedia que todos tivessem acesso a ela, mas se considerar que impediram os 50 primeiros níveis de comer, em tantos outros não havia pessoas vivas e mesmo assim faltou comida, é a prova concreta que ninguém sabia o que fazer para gerar o bem estar pleno das pessoas.

Entenda caro leitor, a redenção não vem de uma ação humana, ou mesmo uma mensagem da mais refinada mente humana (ideologia), a redenção, a Salvação, vem unicamente de Deus que entregou o seu único filho por nós. Não se trata de uma mensagem, uma ideologia abstrata; mas de uma Verdade que atravessa os séculos.


Há um único Deus que pode mudar nossa realidade! A paz que desejamos jamais virá através do capitalismo, do socialismo ou de qualquer outra ideia humana, nada vem de bom de homens egoístas, pois até o que tentamos fazer de bom não passa de atitudes egoístas que visam nossos próprios interesses (Isaías 64.6).


[1] Acesse o texto “Ideologia Insuficiente” na íntegra [clique aqui]
[2] Acesse o teto “Direito do Diabo” na íntegra [clique aqui]
[3] Assim são chamados os membros da ABL (Academia brasileira de Letras)