Afinal como disse Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”. Cuidado, pois o poder em qualquer nível é um convite a corrupção em nome da realização do “bem total”.
Escrevo essa reflexão no dia 25 de
abril de 2020, o sábado após o pronunciamento e pedido de demissão do então
ministro da Justiça Sérgio Moro. Como bem sabemos ele saiu por considerar a
exoneração do então diretor da Polícia Federal uma intervenção política do
presidente da República, que segundo ele afirmou que era isso mesmo.
Mas qual a relação disso com o
cristianismo? Sempre afirmo que meu maior objetivo é mostrar como o
cristianismo é uma forma de ver o mundo, a realidade, não uma mera crença, como
muitos tentam afirmar. Se o presidente entende que tem autoridade para fazer o
que quer, bem como o ministro acha que sua opinião e atitudes são virtuosas a
ponto de gerar obrigatoriedade de aceitação pelos outros, isso é uma postura totalitária.
Como nos lembra Luiz Felipe Pondé[1]
(2019, p.159), totalitarismo é muito mais complexo que grupos radicais como os
Skinheads ou a Ku Klux Klan, grupos xenofóbicos cujo objetivo é exterminar
etnias ou outros grupos, segundo Pondé a essência da personalidade totalitária
(nazista ou fascista) é acreditar que está fazendo o bem para todos e em nome
desse “bem total” se justifica atitudes totalitárias.
Sendo assim é importante, como
cristãos não embarcarmos em ideologias, pois a idolatria, seja a quem for,
chamando de mito ou nos curvando às bobagem do sindicalista que se diz mais
honesto que Cristo, é um pecado, levando a uma vida secularizada, nos tirando
do caminho da Salvação em Cristo Jesus.
Em Provérbios (livro que junto com
Eclesiastes são meus dois preferidos, exatamente por nos ensinar a viver neste
mundo[2])
Salomão nos alerta sobre a necessidade de duvidarmos do nosso próprio
entendimento (Pv 3.5), no mesmo livro o autor afirma que não temos condições de
fazer escolhas isentas de falhas (Pv 16.25) e ainda nos mostra que o sábio não
é aquele que sabe muito; mas aquele que sempre busca aprender (Pv 9.9; 12.1;
13.1).
Dito isto, não podemos depositar
nossas esperanças em um homem, ter messias em seu nome é apenas uma
coincidência, nem mesmo pensarmos que uma ideologia política, personificada em
um operário, supostamente representante dos menos favorecidos irá resolver tudo
e criar um paraíso.
É exatamente essa crença ingênua e
contrária ao ensino bíblico que levou a Europa a uma frieza espiritual extrema,
tudo bem que são muito ricos e conseguiram criar uma sociedade abastada, mas
isso vem cobrando seu preço nos últimos anos, basta vermos os problemas
financeiros da Grécia e Portugal, tensões na Espanha, e a saída da Inglaterra
do bloco. Mas é esse abandono do ensino da redenção pela mão de Deus e crença
na redenção pela política, um dos principais fatores que levaram ao abandono da
fé.
Cuidado meu nobre irmão ao depositar
suas esperanças e brigar para defender Jair Bolsonaro, Moro, Mandeta, Lula, ou
qualquer outro. O fracasso da igreja nos dias de hoje está muito atrelado à
nossa idolatria, nos tornamos totalitários, pois acreditamos que nossas crenças
e opiniões são um “bem universal” para todos. É assim que todos nos tornamos
totalitários – Nazistas ou Fascistas, pode escolher o que mais gosta.
Duvide meu irmão! Duvide de si mesmo!
Por mais difícil que seja. Como nos lembra Nassim Taleb[3]
(2008, l.1783), não criar narrativas e interpretações é muito difícil, exige
muito esforço; aderir a narrativas e ideias prontas é mais fácil, pois para
vermos os fatos é preciso duvidar como fizeram os crentes de Bereia (Atos 17).
Como eles, tenham a bíblia como fonte de verdade absoluta. Quanto às narrativas, sempre duvide.
Afinal como disse Lord Acton: “O poder
tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os
grandes homens são quase sempre homens maus”. Cuidado, pois o poder em qualquer
nível é um convite a corrupção em nome da realização do “bem total”. Que Deus
nos ajude a seguirmos unicamente a Sua Palavra (Sl 119.105).
[2] Não que
os demais, em especial os evangelhos e as cartas do novo testamento, não nos
ensine como viver, mas entendo Eclesiastes e Provérbios como os principais.
[3] TALEB.
Nassim Nicholas. A lógica do Cisne Negro. Tradução de Marcelo Schild, Best
Seller, 2015. Versão Kindle [Clique aqui]