"em nome de agradar às massas relativizamos
valores cristãos e confundindo as coisas de Deus com os deleites pecaminosos da
nossa existência miserável"
No ultimo sábado ouvi o programa “Vitória em Cristo” do pastor Silas Malafaia, na mensagem o pastor tratou da inversão de valores no meio cristão, a tese principal da mensagem foi, nas palavras dele: “invertemos valores por não conhecermos o que tem valor para o reino de Deus”. Me parece que o presente feriado é a época perfeita para essa reflexão.
Se nós voltarmos para a história da origem
do carnaval veremos sua intima relação com a religião cristã. Mas antes devemos
fazer dois reparos: primeiro que não se trata aqui de defender a festa, seja
culturalmente, nem religiosamente; e segundo que sabemos a provável influência
da cultura antiga sobre essa festa mas aqui nosso objetivo é apenas refletir
sobre a postura do cristianismo em relação ao carnaval.
A festa tem origem na Europa, com autorização
da Igreja romana como uma forma de permitir aos “fiéis” um período de “liberdade”,
para extravasar e cometer pecados como gula e luxúria, vindo depois disso um rígido
período de purificação, a quaresma – quarenta dias antes da páscoa marcado por
jejum, oração e práticas penitenciais.
Essa permissão se deu mediante
heranças antigas, de festas em que se invertiam papéis, escravos e senhores
trocavam de lugar, reis eram humilhados pelos súditos, dentre outras inversões
e exageros. Por muito tempo a Igreja condenou essas festas, contudo é sabido
que tradições e costumes são difíceis de serem alterados, por isso com o passar
do tempo os líderes religiosos criaram uma maneira de “legitimar” essa festa,
dando a esse período de uma semana – na antiguidade era um período muito mais
longo – o nome de “carnaval”, que em latim significa retirar a carne.
Nisso já vemos a contradição, ora se
algo deve ser evitado não devemos nem por um minuto praticar aquilo,
biblicamente falando as coisas que não agradam a Deus não devem ser feitas ou
tocadas nem por um instante sequer, separar um período no qual é lícito
transgredir a Lei divina já é por si só uma inversão de valores, sem dizer que
claramente é uma subversão da lei de Deus.
Outro detalhe é que sob o argumento de
que tendo esse período para extravasar e depois cumprir penitência estaria o
homem sendo perdoado por Deus e ao mesmo tempo afastando-se do pecado no resto
do ano é pura conversa fiada, mais um caso de “complexo de Judas”, valendo-se de um belo discurso para mascarar as
más intenções do coração.
Mas meu caro amigo leitor, irmão em
Cristo, não quero que pense que se trata de uma crítica apenas a Igreja romana,
em absoluto não é isso. Trata-se de uma crítica a prática cristã descolada das
escrituras, que vemos tanto no meio romano como no meio protestante, para ficar
bem com o povo, chamado de “fiéis”, legitima-se condutas condenáveis
expressamente ou por princípios das escrituras sagradas.
Hoje no meio evangélico vemos blocos
carnavalescos, os chamados “blocos gospels”, com o pretexto de evangelizar,
usando o argumento de que Deus opera de várias maneiras e isso também pode ser
uma ação divina. Entenda caro leitor, não se trata de puritanismo ou
hipocrisia, sinceramente acho que Deus pode falar sim por uma música composta
em ritmo de samba ou qualquer outro, contudo o seu conteúdo deve ser bíblico,
pois o que transforma, converte o homem é a Palavra de Deus, é o Espírito Santo
que nos convence do pecado (João 16.8). Essa prática foi usada pelo próprio
pastor citado no início desse texto. Como dizia Machado de Assis “é a eterna contradição humana”.
Outra coisa que foi feita há uns anos
em Belo Horizonte foi um tal de “espirituval”. Olha que absurdo! Mais uma vez
em nome de agradar às massas relativizamos valores cristãos e confundimos as coisas de Deus com os deleites pecaminosos da nossa existência miserável. Por
isso o carnaval é a mais religiosa das profanações, não pela sua origem, mas por
escancarar a nossa carência de Deus e o vazio que buscamos preencher
desesperadamente, mas só Deus pode preencher (Salmo 24.1). Que Deus tenha
misericórdia de nós e nos ensine a termos prazer Nele e não em nossos desejos e
paixões (Salmo 1.1-2).