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terça-feira, 31 de março de 2020

A Hipocrisia nossa de cada dia


Nelson Rodrigues sabia de sua distancia absurda da santidade, é possível acusa-lo de muitos pecados, menos de ser um hipócrita, ao contrário desse que vos escreve, pois possuí a plena consciência de ser um ex-hipócrita.


Como dizia o cronista e dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues[1]: “a hipocrisia é a substância da vida pública”. Imagina se todas as vezes que alguém perguntasse se estamos bem, ao invés de respondermos educadamente que estamos, contássemos todas as lamurias e desventuras que nos afligem diariamente? Ou quando perguntamos se alguém gostou do que fizemos e respondem que foi bom, embora não tenham gostado nem um pouco. Por isso não pergunto sobre meu sermão ou aulas (risos). Se não fosse essa hipocrisia a vida em sociedade não existira.

Talvez o prezado leitor esteja pensando: “isso não é hipocrisia; é apenas educação ou polidez”; educação e polidez são apenas o nomes bonitos que damos para falta de sinceridade que devemos usar no dia a dia.

Contudo não é esse tipo de hipocrisia que condeno, nem sempre devemos ser plenamente sinceros. O que Cristo condena é a hipocrisia dos fariseus em apontar pecados alheios (Mateus 23), no fundo condenamos a prática que conseguimos evitar mas adoraríamos fazer; em outras palavras a condenação ferrenha é uma auto afirmação, aquele que se acha muito santo(a) precisa de um pecador imundo a quem possa apontar e em relação a quem seja esse santo ou santa que imagina.

O problema é que somos condicionados a isso, não é culpa das igrejas, isso é uma condição humana, somos tão ruins que precisamos de pessoas piores que nós para nos sentirmos um pouco melhor, não é a toa que desde criança quando um adulto nos corrige logo apontamos um comportamento pior de um colega ou irmão. Nada representa melhor a imitação de Adão em nós do que a hipocrisia de apontar o pecado alheio.

Não estou dizendo que temos que aceitar o pecado das pessoas e fazer vista grossa, devemos reconhecer que temos tanta dificuldade em resistir quanto o nosso irmão. Se conseguimos resistir a alguma prática pecaminosa e nosso irmão não devemos firmemente mostrar a ele ou ela que aquela prática é pecaminosa e ajudar mostrando como fazemos para evitar, mas sem ficar acusando, pois temos a mesma probabilidade de cair no pecado que ele, apenas hipócritas não reconhecem a possibilidade de pecar.

Ainda vale lembrar que hipócrita[2] é a melhor palavra para caracterizar esse tipo de pessoa, pois se vestir de uma santidade que não tem é usar uma personalidade que não o pertence é a mais pura forma de hipocrisia, umas vez que essa palavra designava o ator do teatro grego, significando inicialmente “fingir”, ou seja o hipócrita era aquele que fingia ser quem não era, com o passar do tempo a palavra ganhou o sentido pejorativo que tem hoje.

Mas além dessa hipocrisia tem uma outra muito comum e igualmente nociva que é aquela que chamamos de polidez ou educação mas que não tem nenhum interesse em manter a convivência mas sim a de promover interesses pessoais e egoístas, isso é um problema, confesso que sempre tive dificuldades em concordar com ideias apenas para ficar bem com alguém, isso me custou e custa muita coisa, mas com o tempo aprendi que devo ficar calado para não “comprar brigas” desnecessárias (aprendi que poucas coisas valem a pena brigar), mas jamais devo abrir mão de minhas convicções para agradar os outros.

Por isso escrevo, pois aqui posso ser totalmente sincero, sabia do poder que a escrita tinha em tese mas desde que comecei a escrever habitualmente percebi como é bom e como posso deixar aqui o que penso sem amarras ou censuras e quem tiver interesse em saber o que penso tem onde procurar.

Por fim o leitor que conhece a biografia[3] de Nelson Rodrigues deve estar se perguntando como posso citá-lo em um texto que fala sobre pecado? Só por se perguntar isso já demonstra ser do grupo dos hipócritas. Nelson Rodrigues sabia de sua distancia absurda da santidade, é possível acusa-lo de muitos pecados, menos de ser um hipócrita, ao contrário desse que vos escreve, pois possuo a plena consciência de ser um ex-hipócrita.



[1] [cliqueaqui] para adquirir a obra “A vida como ela é”
[3] [cliqueaqui] para adquirir uma das biografias de Nelson Rodrigues

terça-feira, 24 de março de 2020

A morte que vem de Deus

"temer a morte é como temer o nascer ou o pôr do sol"


Antes de falar realmente o que tenho em mente, é preciso dizer que embora esteja escrevendo esse texto durante o período de quarentena por causa do corona vírus, a morte que me refiro aqui não tem nenhuma relação com esse vírus de origem asiática.

Tampouco estou tratando da morte espiritual, que para os leitores envolvidos em algum contexto eclesiástico ou teológico é um termo bem conhecido, nem mesmo estou falando da morte para o mundo, expressão usada como sinônimo de conversão.

Então do que estou falando afinal? Simples! Me refiro a morte normal, que todos nós passaremos por ela. Em momentos de epidemias ou de doenças graves que antecedem o mal irremediável, pelo qual todos passaremos, é normal ouvir palavras de encorajamento e de consolo. Palavras essas que são muito bem vindas, não me entenda mal caro leitor.

A reflexão que deixo é de que a morte é tão natural quanto a vida, claro que amigos, irmãos e teólogos (profissionais ou curiosos) vão me rebater dizendo que a morte é uma consequência do pecado, pois foi após a queda (pecado de Adão em desobedecer a Deus, desprezando o mandamento divino, que repetimos individualmente em nossas práticas) que a morte passou a vigorar sobre o mundo.

Com todo respeito a crença de meus irmãos e estudos dos grandes teólogos, ouso discordar, não faz muito sentido Deus criar o homem imortal, pois seria estranho todos os seres morrerem e só o ser humano permanecer vivo, além da super população que rapidamente iria se acumular na terra. Sobre isso ainda podem objetar dizendo que a natureza inteira só passou a morrer após o pecado do homem, não me parece que as leis da física foram alteradas com o pecado do homem, as leis naturais foram estabelecidas por Deus na criação e ai estão, e estarão até o fim.

Ainda argumentando que foi o pecado de Adão a trazer a morte para o mundo usa-se o texto em I Coríntios 15.21-22, que diz:

²¹Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. ²²Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.

Mas se a morte física vem pelo pecado porque o sacrifício de Jesus anula apenas a condenação e não retira esse suposto efeito do pecado? Essa é até respondida facilmente. Mas há uma outra pergunta que os teólogos não conseguem responder e por isso mantêm a ideia de que a morte natural é consequência do pecado, a pergunta é a seguinte: se a morte física não for consequência do pecado qual foi a grande consequência do pecado?

A resposta é um tanto simples, a grande consequência do pecado foi o que a teologia chama de “depravação total”, a humanidade passa a estar morta em delitos e pecados (Efésios 2.1); com a queda fomos destituídos da Glória de Deus (Romanos 3.23), com isso a paz que o homem tinha antes do pecado de saber que a vida estava nas mãos do criador foi retirada e passamos a temer a morte.

Não passamos a morrer após o pecado, contudo sem um relacionamento pleno com o criador deixamos de entender que tudo é feito e determinado por Ele, com isso passamos a temer o futuro e deixamos de confiar no Deus todo poderoso pois a nossa natureza está desligada do criador, é por isso que Cristo é a ressurreição, Ele revive nossa consciência em Deus, nos leva a crer novamente na grandeza de Deus, em Seu amor, misericórdia e soberania.

O crente realmente convertido a Deus não teme a morte, nem se desespera, é importante lembrar que no Salmo 116.15 está registrado que Deus tem prazer na morte daqueles que são seus. Algo que as vezes escandaliza é dizer que Deus tem prazer na morte da criança, pois ali termina o sofrimento dela neste mundo caído.

Portanto caro leitor, esse texto é pra lembrar que a morte é uma determinação de Deus, o desejo dele é que a sua relação com Ele te permita não temer o fim da vida terrena, pois quando se trata da morte daquele que esta distante de Deus a Bíblia diz que Deus não tem prazer (Ezequiel 33.11). Aceite Deus em sua vida e viva a paz que só Jesus pode dar, não tema a morte, afinal de contas temer a morte é como temer o nascer ou o pôr do sol.



terça-feira, 17 de março de 2020

Religioso ateu ou Cristão pecador



“Ora se as obras não salvam também não condenam” (Rodrigo Silva)



Sei que o título soa estranho. Como assim um religioso pode ser ateu? Claro que não estou levantando a possibilidade de se ter uma religião sem se crer em alguma coisa ou algum ser transcendente. A provocação se dá em relação ao cristianismo contemporâneo que nega a Cristo, não entende quem Jesus é nem a sua obra na cruz.

A ultima frase que me assustou foi a de um palestrante dizendo que não se sente inferior a Cristo, ele disse: “você tem o mesmo valor de Jesus”, argumentando que se Jesus foi dado por nós logo temos alto valor. Uma grande mentira![1] Tiraram Deus e Jesus de seu lugar e colocaram a si mesmos, ou seja, religiosos que creem na própria divindade, uma vez que isso é absurdo se tornam ateus, pois não creem em nada além de si mesmos, como diz a música da banda Oficina G3: ”Os homens e seus espelhos mágicos, nada veem além de si mesmos...”

Parece algo ótimo de se dizer; o problema é que Cristo não pagou o preço que valemos, mas dívida que adquirimos, exatamente por desprezar a Deus, rejeitar o seu cuidado e seus mandamentos, isso acumulou sobre nós um juízo de morte, pois é a morte o salário ou a recompensa do pecado (Rm 6.23).

Nunca caia nessas mentiras caro leitor, nós somos seres caídos, destituídos da benção de Deus, nos tornamos inimigos de Deus por causa do pecado e envolvimento com o mundo (Tg 4.4). Essas interpretações humanistas que visam motivar e promover o palestrante (pois essas pessoas não são pregadores) são interpretações enganosas que levam multidões para o inferno.

Calma! Não estou fazendo terrorismo, sempre que falo de pecado gosto de lembrar da fala do pastor Rodrigo Silva registrada em palestra e em seu livro “O ceticismo da Fé”, em que ele diz:

somos condenados não pelo pecado que cometemos, mas somos condenados pelo perdão que rejeitamos. Ora se as obras não salvam também não condenam.

Nessa fala o pastor adventista nos traz a clareza sobre a salvação pela graça, somos salvos unicamente pela graça e misericórdia de Deus, a obra que salva é a obra de Cristo na cruz do calvário, ou seja, se sou um legalista e penso que entrarei no seu por deixar de praticar isso ou aquilo estou na verdade caminhando em santidade para o inferno, pois somos salvos apenas se cremos em Jesus como Deus e confiando que o Seu sangue derramado na cruz tem poder para lavar meu pecado.

Por outro lado se levo uma vida desregrada por que penso ser filho de Deus e meu ingresso para o seu está garantido sou um nominalista e estou no mesmo caminho dos judeus repreendidos por Paulo nas cartas aos coríntios, pois o salvo tem maior prazer nas coisas de Deus, em agir de maneira que agrade e glorifique o seu criado e Salvador, em outras palavras, a santificação é a resposta do salvo que entendeu a obra de Cristo na cruz e vive para agradecer a Ele. Isso é temor e difere do medo, pois o salvo não tem medo de ir para o inferno, o salvo é grato por ter sido perdoado e retirado do caminho para o inferno. Assim nos lembra Teresa D’ávila:

Não me move, Senhor, para querer-te,
o céu que me hás um dia prometido;
nem me move o inferno tão temido,
para deixar por isso de ofender-te.

Move-me tu, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido;
move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.

Move-me ao teu amor de tal maneira,
que a não haver o céu eu te amara
e a não haver o inferno te temera.

Nada tens a me dar porque te queira
pois se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que quero te quisera.

Chamo atenção para os dois últimos tercetos, se não houver céu ela ama, se não houver inferno ela teme, pois ela ama quem Deus é e teme, respeita, reverencia (não tem medo) a glória, a majestade do Deus criador e salvador. Caro leitor, sinceramente esse soneto é a melhor e mais sublime confissão de fé que conheço. Que Deus coloque esse mesmo sentimento e compreensão em mim.



[1] Deixei de citar o nome do autor da celebre frase mas deixo o link para o vídeo dele – clique aqui.

terça-feira, 10 de março de 2020

Pecado


“o inferno é [sempre] o outro”. [...] “se o outro é o inferno, em algum momento eu sou o inferno do outro”. Essa é minha grande confissão!

Sei que é estranho falar de pecado, ainda mais em nossa época. Não entenda, caro leitor, esse texto como um julgamento ou acusação seja a quem for; trata-se na verdade de uma sincera confissão. Confissão de alguém que não entende como pessoas se dizem tão certinhas e ao mesmo tempo se dizem vítimas dos mais variados vícios alheios. A conta não fecha.

Ora, se todos são vítimas de vícios alheios, mas ninguém admite possuir tais vícios tem alguma coisa errada. Talvez você nunca tenha se perguntado isso pois pertence a esse grande coro de vitimados que possuem uma convicção inabalável em uma ideia do filósofo Jean-Paul Sartre: “o inferno é o outro”. Entretanto não percebem uma coisa óbvia que aparentemente nem o referido filósofo percebia: “se o outro é o inferno, em algum momento eu sou o inferno do outro”. Esta é minha grande confissão!

Tenho certeza de que em vários momentos minha falta de controle sobre meu humor feriu minha mãe, meus amigos e familiares. Minha certeza sobre questões religiosas magoaram familiares tão queridos. Meus desejos egoístas feriram pessoas que confiavam em mim ou deixei de ajudar pessoas a minha volta simplesmente por me importar mais comigo. Tudo isso fruto de uma natureza pecaminosa e da minha incapacidade de lidar com ela.

Por isso corro daqueles religiosos que cantam a própria santidade a plenos pulmões como se tivessem todo o controle sobre suas ações. Não temos! Muitas vezes nos vemos dominados pelo nosso pecado, o pecado que nos constitui. Quantas vezes percebi em mim a fala do apóstolo Paulo incapaz de fazer o bem que queria mas entregue a desejo perverso que me constitui (Rm 7.19-20).

Claro que devemos pregar e ensinar o que a Palavra de Deus diz ser pecaminoso: “E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o impuro e o puro.” (Ez 44.23)

Contudo, sabendo da nossa fraqueza e incapacidade plena de nos dominar, devemos sempre nos lembrar que nossa comunhão com Deus é dada pela misericórdia Dele e pela ação do Espírito Santo que mediante o sacrifício de Cristo nos leva para perto de Deus.

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. (I João 2.1)

Quando falo ou penso sobre esse tema sempre me lembro de como Deus repreendeu a Caim enquanto desejava matar seu irmão:

Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás. (Gn 4.7)

O problema é que pensamos ser fácil dominar o desejo, pensamos que isso pode ser feito sem a ação de Deus e assim aqueles que por vários fatores conseguem se conter se sentem no direito de humilhar e desprezar aqueles que possuem dificuldades em conter a si mesmos, se esquecem que estamos todos na mesma condição.


Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. (Rm 3.23-26)

Devemos nos lembrar da parábola que Jesus propôs, registrada no evangelho de Lucas, capítulo 18, versículos 9 a 14, que se inicia exatamente falando daqueles que se achavam justos por confiarem em si mesmos, no próprio caráter e bondade; nessa parábola Cristo diz que entraram no templo um fariseu (religioso) e um publicano (mal visto pela sociedade por sua proximidade com os romanos e atividades financeiras, que subjugava o povo), o fariseu se vangloriava de suas atividades religiosas que o tornavam bondoso (ao menos ele achava que tornavam); já o publicano se humilhava dizendo, sem levantar os olhos por não se achar digno: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”; Cristo afirma que esse último desceu justificado. 

Não somos justos ou bons; Cristo é justo e nos justifica pela sua graça e misericórdia, como diz Luiz Felipe Pondé: “apenas a consciência das sombras pode garantir alguma luz”. Que Deus tenha misericórdia de mim que sou pecador.

terça-feira, 3 de março de 2020

A Era da Inversão


"Se liberdade é abandonar todo o ensino que trouxe a Igreja de Cristo e a sociedade até aqui, invertendo e subvertendo todo o ensino das escrituras, que Deus me livre de ser livre."


Na semana passada escrevi aqui no blog e publiquei um vídeo falando sobre evangelismo no período do carnaval. A tese fundante era que não devemos imitar a festa secular, pois desde sua origem ela é voltada para os deleites mundanos e contrária a Palavra de Deus.

O que me chamou a atenção foi a não compreensão ou mesmo a indisposição das pessoas em entender o que eu estava dizendo, pressupondo que sou contra o evangelismo durante o carnaval; vale ressaltar que estou pressupondo o não entendimento, pois caso tenham entendi o caso é bem mais grave do que eu pensava, pois estarei enfrentando falsos cristãos.

Não sou contra o evangelismo, sou terminantemente contra a imitação daquilo que é contrário a Bíblia. Para se oporem a mim utilizaram o texto de I Coríntios 9.19-23, em que basicamente Paulo diz ter se feito tudo para com todos para salvar alguns. Contudo isso é retirar o texto de contexto, pois obviamente o apóstolo não está dizendo que imitou os costumes idólatras daquela cidade ou participou de festas e cultos que honravam aos deuses daquelas pessoas. Paulo se fez fraco não profano.

Não há nada no texto nem em toda a Bíblia que sirva de base para justificar imitar uma festa cujo objetivo é o exagero dos prazeres profanos, o que Paulo está dizendo é que confrontar os hábitos e modo de pensar das pessoas não é a melhor maneira de anunciar o evangelho, mas devemos partir daquilo que é compreensível para as pessoas e então falar da Salvação, como ele fez em Atenas (Atos 17).

Mas carnaval a parte o que me chama a atenção nisso é a inversão de valores. Como cristãos estão perdidos e não entendem nem vivem a fé, confundem a liberdade do evangelho com a libertinagem do mundo a nossa volta, não discernindo aquilo que convém e aquilo que não convém. Infelizmente estamos nos tornando fruto da nossa época, a Era da inversão; ou como Zigmunt Bauman nos ensina: a “Modernidade Líquida”, onde laços e valores não possuem mais solidez, são desfeitos, ignorados ou substituídos o tempo todo.

Sinceramente fico preocupado, mas não assustado, pois a bíblia está repleta de alertas sobre essa época. Há um tempo escrevi sobre o Complexo de Judas, mostrando como belos discursos disfarçam as más intenções, olha como a bíblia nos alerta contra essa prática:

Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído (Isaías 29.13)

Ou como o Senhor nos alerta da falta de fé em nossa geração:

Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra? (Lucas 18.8)

A igreja atual vem se secularizando e sendo influenciada pelo pensamento existencialista e hedonista que predomina em nossos dias, em que se entende que o ser humano é livre para ser o que quiser e deve sempre buscar a satisfação do seus desejos. Nessa busca desenfreada pelo prazer e pelo ser o que quiser estamos vendo a miséria humana aflorar minando o fundamento da sociedade e da igreja.

Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo! (Isaías 5.20)

Na sociedade é o pensamento existencialista que leva ao abandono de costumes, valores e regras, um desejo por liberdade; nas igrejas o desejo é o mesmo, a inversão se dá exatamente por se rejeitar o compromisso com o verdadeiro ensino bíblico e com as pessoas que estão a nossa volta, contudo existe um agravante: se a fé vem pelo ouvir e ouvir a palavra (Rm 10.7), como termos fé se ouvimos apenas músicas e palestras motivacionais? Se liberdade é abandonar todo o ensino que trouxe a Igreja de Cristo e a sociedade até aqui, invertendo e subvertendo todo o ensino das escrituras, que Deus me livre de ser livre.


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