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sábado, 2 de janeiro de 2021

Como lidar com a ansiedade - Mateus 6.25-34

 


Para falarmos um pouco sobre ansiedade é preciso em linhas gerais e em poucas palavras dizer o que se entende aqui por ansiedade. Vejamos a definição do dicionário Priberam para ansiedade:

 

an·si·e·da·de: (latim anxietas, -atis). substantivo feminino. 1. Comoção aflitiva do espírito que receia que uma coisa suceda ou não. 2. Sofrimento de quem espera o que é certo vir; impaciência. ("ansiedade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/ansiedade [consultado em 13-12-2020])

 

Perceba que a ansiedade é definida como comoção e como sofrimento, ou seja, pode ser apenas um receio que causa algum incomodo pela expectativa, ou mesmo um desejo, um anseio de que algo bom aconteça, isso é a comoção; já o sofrimento é aquele estado de desequilíbrio, preocupação que leva a pessoa a um grande sofrimento. Certa ocasião ouvi a seguinte definição: “ansiedade é o excesso de futuro”, não sei quem pensou isso, mas explica bem o que é a ansiedade, pois é uma preocupação com o futuro, seja algo certo que vai acontecer (coisa boa ou não), ou seja aquilo que não temos controle, não sabemos se vai acontecer ou mesmo como lidar e resolver aquela situação.

 

A grande questão é porque temos ansiedade ou mesmo porque algumas pessoas são ansiosas. Como todo vício humano a bíblia trata como sendo um pecado ou uma consequência da nossa condição pecaminosa. É importante lembrar que todo ser humano pecou e está distante de Deus (Romanos 3.23), isso que significa a queda, não se trata se simplesmente tropeçar, mas de uma ideia de ruptura, quebra de um vínculo, de um pacto, de uma condição. E como consequência disso o pecado passa a habitar em nós (Romanos 7.19-20), fazer parte da nossa natureza. E exatamente por esse motivo que o título é como lidar com a ansiedade e não como vencer, ou se livrar, entendendo que todos nós em maior ou menor grau teremos que lidar com ela, pois ela é parte da nossa condição pecaminosa.

 

Então como lidar com a ansiedade? Para responder vamos analisar no texto indicado no título as causas da ansiedade:

 

a)    Nossa mente (autopercepção):

 

Como o pecado manchou toda a nossa existência, a nossa autopercepção se tornou muito corrompida, o capítulo 6 de Mateus é continuação do Sermão do Monte, em que Jesus começa falando das bem aventuranças e agora Jesus mostra como nossas atitudes são insuficientes para agradar a Deus, quando fazemos algo para autopromoção e autoafirmação da nossa própria bondade ou virtude, na verdade estamos pecando pois como disse o profeta Isaías até nossa justiça são trapos de imundícia (Isaías 64.6); ou seja, temos uma auto imagem elevada e não entendemos que não somos justos, mas Cristo que é justo que nos santifica, portanto só teremos obras de Fé quando de fato formos movidos pela submissão plena a Deus.

 

Assim a primeira causa da ansiedade é nos acharmos injustiçados, bons demais para sofrer frustrações que o mundo a nossa volta nos impõe. Ser cristão, salvo em Cristo é entender que tudo que merecemos é juízo, mas Deus “soberano em Graça”[1] nos alcançou.

 

b)    Nossos sentimentos:

 

No versículo 19 Jesus começa falando dos tesouros, como estamos separados de Deus acabamos tendo nossos sentimentos também desequilibrados e não conseguimos dar o devido valor as coisas de Deus, valorizamos as coisas terrenas de maneira exagerada. Em outras palavras nos envolvemos tanto com nosso dia a dia que nos esquecemos que nossas vidas não se resumem a essa existência, nos esquecemos da vida eterna com Jesus. Desse modo passamos a nos definir pela nossa profissão, pelos nossos relacionamentos e outras cosia dessa vida que ao dar errado nos gera sofrimento e frustração.

 

Chegamos ao absurdo de considerar que as dificuldades são sinais de que estamos em pecado e que precisamos fazer campanhas para conquistarmos bençãos, isso tudo acontece por que nossos corações estão nas coisas terrenas e não na Salvação em Jesus.

 

c)    Somos criaturas:

 

Jesus faz algumas comparações com a erva do campo (lírios) e com os animais (aves), dizendo que se Deus cuida deles também cuidará de nós pois valemos mais. Aqui tem um ensino muito importante, embora sejamos o coroar da criação e Deus tenha nos dado domínio sobre a criação (sendo esse domínio também afetado pela nossa queda – mas isso deve ser tema de outras reflexões), ainda somos criaturas, estamos debaixo da autoridade de Deus, somos limitados e muitas coisas não estão em nosso controle, o domínio que Deus nos deu não faz de nós poderosos para resolver tudo, ainda somos limitados e não temos autoridade sobre várias coisas, por isso Jesus pergunta quem poderia acrescentar um côvado a própria altura (Mt 6.27), não temos domínio nem sobre a nossa própria vida, é Deus quem determina quanto vamos viver (Salmo 39), a nós cabe a penas a escolha se vamos honrar a Ele ou desprezá-lo.

 

Por exemplo, não temos autoridade sobre enfermidades, podemos evitar algumas e a medicina desenvolveu tratamento para outras mas não temos total domínio se vamos ou não ficarmos doentes; não temos domínio sobre nosso sistema imunológico, sequer nos conhecemos bem, a Palavra diz que Deus nos conhece por inteiro mas nós não temos condição de conhecer sozinhos a nós mesmos, por isso Jesus passou seu ministério dizendo aos discípulos e a todos que o ouvia sobre quem eles eram, ou melhor ensinou quem nós somos.

 

Aceitar que somos pequenos, falhos e muito limitados diminui a ansiedade pois descansamos em Deus sabendo que não temos domínio sobre a maior parte das circunstâncias a nossa volta mas o Senhor cuida de nós, como disse Davi: “eu sou pobre e necessitado mas o Senhor cuida de mim” (Salmo 40.17).

 

Portanto o que cabe a nós é aceitarmos a nossa condição de caídos e limitados, buscando a Deus para que Ele nos ensine a ter o Reino de Deus em primeiro lugar e descansar, sabendo que nada desta vida nos define, somos cidadãos do Céu e que Deus nos guardará a cada dia das dificuldades dessa vida.

 

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mateus 6.31-33)

 

 

Por fim caro amigo e irmão em Cristo, talvez esse final não seja o que você esperava, não posso a luz das Escrituras dizer que sua vida será perfeita e Deus vai te livrar da ansiedade, mas posso afirmar, categoricamente e por experiência própria, que após se submeter a Deus, ansiando o Seu Reino acima de tudo, aceitar que Ele é soberano e poucas coisas estão sob o seu controle você vai desfrutar de uma vida bem mais tranquila, não viver em ansiedade, terá sim momentos de angústia, preocupação e mesmo de ansiedade, mas serão momentos e não algo contínuo, pois em oração e na leitura da Palavra de Deus você irá entender que embora os dias aqui sejam maus, haverá o dia eterno com nosso Senhor e Salvador e deixamos de viver a ansiedade terrena para vivermos ansiedade da volta de Jesus que nos alegra e dá a perfeita esperança.

 

“o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que É CRISTO EM VÓS, ESPERANÇA DA GLÓRIA” (Colossenses 1,26-27)



[1] Expressão usada pelo Pastor Paulo Cesar do grupo Logos.