pixel google global

terça-feira, 23 de junho de 2020

O DISCURSO DESUMANIZADOR RACISTA



Por que o preconceito contra os negros merece mais atenção que o preconceito contra os latinos e asiáticos? [...] Por que a imprensa brasileira divulga e promove a comoção nacional pela morte da vereadora Marielle Franco e ignora o assassinato da policial branca mãe de família lá no Rio Grande do Sul?

No dia 29 de maio deste ano aconteceu a morte de George Floyd nos EUA, fato que desencadeou uma série protestos por todo o país, alguns com violência e depredação de patrimônio público e privado. Chegando ao extremo de incendiarem igrejas.

Que o racismo é desumano não temos a menor dúvida, o espantoso é o processo de desumanização, em parte sutil, mas presente em toda a história humana. Desde a antiguidade povos foram dizimados simplesmente por serem considerados inferiores.

Luiz Felipe Pondé (2019,p.89) ao refletir sobre essa massificação aplica essa ideia do discurso desumanizados a questão do aborto, mostrando como se trata da desumanização do feto:

Chama-me atenção a fúria como as campanhas pró-aborto repetem o movimento de desumanização, agora do feto: “Feto não é gente, pode jogá-lo fora”. Campanhas assim (de definição do “humano”) já foram realizadas em outros momentos da história e aplicadas com sucesso a outras vítimas[1].

Basta lembrarmos que a escravidão africana se deu exatamente pelo discurso de que o negro não era um ser humano completo pois não tinha alma, ou ao menos não seriam dignos de ser considerados humanos até que se convertessem ao cristianismo. Além disso temos o holocausto nazista que é o mais claro e recente exemplo do que estamos tratando aqui, um discurso propagado dizendo que os judeus não eram dignos de ser considerados humanos ou iguais.

Talvez o caro leitor esteja vibrando, dizendo: é isso mesmo, ao longo da história os negros foram considerados inferiores e agora é hora de cobrarmos essa dívida histórica e nos impor sobre os brancos que foram e são os opressores.

O problema é que esse discurso é tão desumanizador quanto o primeiro. Por que o preconceito contra os negros merece mais atenção que o preconceito contra os latinos e asiáticos? Esses últimos são tão graves e comuns nos EUA quanto o primeiro. Por que a imprensa brasileira divulga e promove a comoção nacional pela morte da vereadora Marielle Franco e ignora o assassinato da policial branca mãe de família lá no Rio Grande do Sul?

A resposta é relativamente simples. A importância não está na vida humana, como se diz, a relevância da vida dessas pessoas é medida pelo ganho que terei no fortalecimento do meu discurso, pois o que me interessa não é a indignação contra o policial cruel que ajoelhou sobre o pescoço de um homem, que por sua vez não esboçou nenhuma reação após a abordagem dos policiais, perceba que aqui uso a expressão “um homem”; o ativista usaria “um homem negro”; pois para o ativista (que nem sempre pertence àquela etnia) o negro vale mais, não por amor ao seu povo, mas por amor a sua causa política.

É lamentável, mas o racismo não vai acabar tão cedo! Infelizmente somos racistas devido a nossa condição de caídos, pecadores, isso faz que eu me sinta superior a meu semelhante. Basta você pensar em alguém que você desaprove e pensar se não tem ao menos uma ponta de sentimento de superioridade, esse sentimento é o começo do racismo, em essência não é diferente, o que muda é o grau, o sentimento de superioridade que temos em relação a alguém pode se tornar racismo, bastando que tenhamos esse sentimento de superioridade a todos, que pensem como ele; adorem a mesma divindade ou tenham votado no mesmo candidato. Claro que também pode ser um sentimento de superioridade a todos de uma etnia ou nacionalidade, no fundo é a mesma coisa e tem a mesma origem em nossa condição, só imaturos e mentirosos não percebem isso.

Talvez o caro leitor esteja se perguntando se sou racista. Posso te afirmar que não sou racista, vejo todos os seres humanos como meus iguais, mas não posso dizer que estou livre desse sentimento de superioridade. Como disse Paulo: “o pecado habita em mim” (Romanos 7.19-20), por isso preciso me policiar para não me tornar um racista seja contra a etnia, religião ou pensamento que for.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Não pague para ser condenado

"se dermos o dízimo pelos mesmos motivos que os fariseus estamos apenas pagando pedágio a caminho do inferno"



De tempos em tempos a discussão sobre o dízimo vem a tona, seja no ambiente congregacional das igrejas ou mesmo em meios seculares em forma de críticas àqueles que defendem essa prática. Também não é raro vermos líderes evangélicos defendendo que o dízimo não é bíblico.

Com todo respeito a todas as opiniões, e sem querer me exaltar, mas já me exaltando; acho que ambas as posições são insuficientes para explicar o que Jesus ensinou sobre dízimos e ofertas. 

Se de um lado os que defendem a prática do dízimo como mandamento e seu cumprimento sendo necessário para salvação estão operando na lógica religiosa, aqueles que combatem a prática do dízimo sob o argumento de que não vivem uma religião estão operando na lógica humanista que busca adaptar os ensinos bíblicos aos ideais humanos, criando assim uma religião moderna e confortável para a mente do indivíduo contemporâneo. 

Jesus ao confrontar os fariseus (Mateus 23.23-25) os chama de hipócritas porque davam o dízimo mas ignoravam os fundamentos da Lei, que são a justiça, a misericórdia e a fé; acrescentando que eles deviam fazer um sem ignorar o outro; ou seja, Jesus não está dizendo que não devemos dar o dízimo e as ofertas mas está dizendo que se não entregamos o dízimo pelas razões certas estamos em pecado, se dermos o dízimo pelos mesmos motivos que os fariseus estamos apenas pagando pedágio a caminho do inferno.

Então o que deve nos motivar a entregar dízimos e ofertas na igreja? Antes de responder entendo ser necessário mais algumas considerações sobre a lógica religiosa dos fariseus que perdura até hoje. Realmente há ensinos que colocam um peso sobre os irmãos, constrangendo as pessoas a darem dinheiro para líderes cegos e gananciosos (Mateus 23.14 e 26) que não se importam com a pregação do evangelho mas estão preocupados com seus ganhos pessoais e com a administração da instituição. Isso leva a ideias como enunciamos acima, pendendo para o humanismo que tende a negar qualquer mandamento ou dever por parte do cristão.

Caro leitor, atenção por favor, não estou aqui defendendo que dar o dízimo seja um mandamento ou obrigação que implique em pecado caso seja descumprido; o que estou dizendo é que entregar o dizimo ou não entregar não é nada em si, isso será pecado ou não pela motivação de cada um. Ou seja se entrego para cumprir uma obrigação e ficar bem aos olhos da minha liderança estou em pecado, pois minha motivação é puramente humana e pior é política pois estou me curvando e respeitando mais a “autoridade” humana que Deus, ou pior, estou atribuindo autoridade divina a um líder que Deus não atribui pelas escrituras; igualmente se deixo de entregar o dízimo por avareza também estarei em pecado pois meu amor ao dinheiro é maior que meu amor às coisas de Deus, pois onde estiver meu coração, ali estará o meu tesouro (Mateus 6.19-21).

Então vamos lá, sem mais rodeios, qual a motivação correta, bíblica para se entregar o dízimo? Uma só. Nós fomos salvos, vivemos na comunidade dos santos, amamos nossos irmãos em Cristo Jesus e desejamos contribuir com essa comunidade, em nossos dias sabemos que há contas a se pagar, aluguéis, e o mais importante há obreiros e irmãos que precisam da ajuda financeira da igreja, portanto se sabemos que a igreja usa o dinheiro do dízimo para tais finalidades devemos entregar com alegria para que o povo de Deus seja beneficiado.

Pare com argumentos tolos, dizendo que é para obra de Deus, pois o Deus que servimos não precisa de dinheiro para realizar sua obra e alcançar os homens para salvação. Mas o dinheiro é sim para o beneficio daqueles que estão buscando a Jesus e anunciando a salvação.

Por fim é importante repetir: não é a ação que condena ou que salva e sim a motivação, cito novamente Mateus 6.19, onde estiver o meu coração ali estará o meu tesouro; o que você ama mais, a Cristo e a igreja ou ao dinheiro? A quem você serve? Jesus perguntou a Pedro se ele O amava; quando Pedro disse que amava Jesus mandou que ele apascentasse as ovelhas; quem ama a Cristo O serve.

Contudo Deus não precisa ser servido (Atos 17.25), servimos a Deus quando servimos a Igreja, ou seja, servimos a nossos irmãos. E entregar o dízimo é uma das maneiras de servirmos a nossos irmãos em Cristo.