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sábado, 2 de outubro de 2021

SERMÃO DO MESTRE – A oração do Pai nosso

 

 

  1. INTRODUÇÃO

Muito se fala sobre a oração do pai nosso, sempre dizendo como se deve orar. Mas quero propor uma outra visão sobre essa oração, olhando para ela como parte do sermão que Jesus está a proferir.


Primeiramente é importante voltar um pouco no versículo 8 e observarmos a fala de Jesus, perceba que Jesus diz: “..., o vosso Pai, sabe o que tendes necessidade, antes que lho peçais.”


Se considerarmos o que Jesus fala sobre os hipócritas um pouco antes ainda, podemos entender que o nosso Mestre está dizendo que nossa oração não pode ser de maneira nenhuma hipócrita e temos que falar com Deus das nossa verdadeiras necessidades, e são essas necessidades que Jesus expõe na oração padrão que nos ensina.


Sendo a oração do Pai Nosso um padrão de oração a partir do ensino do nosso criador sobre nossas carências que sequer enxergamos, mas Jesus nos revela durante todo o seu sermão.


Podemos também entender essa oração em relação a oração sacerdotal feita por Jesus em João 17, em que Ele roga ao pai que não nos tire do mundo mas que nos preserve em comunhão, contudo para que estejamos em comunhão precisamos reconhecer nossas mazelas e suplicar a Deus misericórdia.

 

  1. A ORAÇÃO DOMINICAL

 

a)    “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome...”

 Somos incapazes de nos santificarmos ou de anunciar a santidade de Deus.


O Pai está acima de nós, é soberano, maior em tudo, somos pobres pecadores, carentes de sua graça e misericórdia.


Pedir que o nome de Deus seja santificado é reconhecer sua santidade e nosso pecado e suplicar e possamos minimamente, como resultado de sua graça dar algum bom testemunho a fim de que Seu Santo Nome seja conhecido entre os homens. Como é duro pedir isso e reconhecer a nossa incapacidade de fazê-lo, mas ao mesmo tempo como é maravilhoso perceber o amor do Pai que nos permite, ao menos em uma pequena parte mostrar a sua grandeza e santidade. Com sinceridade, é um momento em que o Espírito santo leva este vos escreve às lágrimas, por perceber a grandeza do amor de Deus, sua misericórdia, que na verdade é o amor por nossa miséria (este é o significado de misericórdia).

 

b)   “venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”
 Nossa natureza humana e pecaminosa não deseja o reino de Deus, muito menos a sua vontade.

 

O nosso criador sabe da nossa dificuldade em fazer a vontade Dele, não podemos por nós mesmo fazer aquilo que Deus manda. É por isso que Jesus começa o sermão do monte ordenando que nos alegremos em participar do seu Reino e mostra o preço que devemos pagar, bem como nos faz as promessas das recompensas que receberemos.


Por isso precisamos pedir a Deus que Ele estabeleça o seu Reino em nossas vidas, e apenas por sua imensa graça podemos apresentar esse Reino, essa tão grande Salvação aos outros.


Mas devemos pedir que seja feita a sua vontade na terra e no céu, não basta desejarmos a vontade de Deus, é preciso desejarmos com sinceridade e nos submetermos ao projeto de Salvação que Ele estabeleceu, desejarmos a Salvação e a vida eterna que as escrituras revelam. Para isso é preciso mortificar nossa carne.


Como é difícil negar a nós mesmos! Como é difícil submeter nossa mente às escrituras! Como carecemos da graça e misericórdia de Deus!

 

c)    “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;”
 Como é difícil lidarmos com a nossa cobiça e ganancia, bem como não ficarmos ansiosos.

 

Novamente Jesus expõe a nossa carência em nos contentarmos com o seu reino e desejarmos os confortos e prazeres desta vida.


Além disso, Jesus sabe da nossa ansiedade sobre o sustento terreno e da dificuldade em confiar em sua provisão, por isso nos versículos 25 a 34 deste capítulo Jesus vai nos ensinar que não devemos ficar ansiosos com isso.


Depois que passei a ler e estudar as escrituras sistematicamente percebo a razão de ser tão difícil. O Senhor nos confronta o tempo todo, nos corrige pela sua Palavra, como vejo as minhas carências ao ler este sermão. Como tenho dificuldade em me alegrar apenas com o Reino de Deus, como é difícil confira na provisão de Deus e não ficar ansioso! Como careço da misericórdia do meu Salvador! E como entristeço meu Senhor por não entender e pedir a Ele que me ajude em minha fraqueza.

Que passemos a pedir sim que Deus supra nossas necessidades, mas que também possamos suplicar a Ele que nos ajude a viver com o que temos e não mais duvidarmos de sua graça, misericórdia e provisão.


Mas o que realmente me constrange é que mesmo entendendo que entristeço ao meu Senhor com a minha incredulidade, mesmo assim Ele me faz sentir seu infinito amor. Louvado seja seu nome! Em lagrimas de constrangimento, tristeza e, ao mesmo tempo, de alegria escrevo este comentário.

 

d)   “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores;”
Jesus sabe a nossa dificuldade em perdoar, pois pela nossa natureza pecaminosa, temos dificuldade em amar.

 

Devido a nossa carência em amarmos é que Jesus, em seu sermão, fala para não sermos vingativos e buscarmos nos parecer com Deus, buscando amar ao nosso próximo. Entender isso é tão complicado quanto é explicar. Pois aqui entendemos o quão tola é a expressão: “liberar perdão”.


Não sou eu que perdoo meu irmão, não sou eu que me esforço para perdoar, mas ao sentir o perdão do Pai que está no céu, Santo, seu amor incondicional e reconhecer o quanto sou indigno de sua presença, de seu amor, de sua graça, a minha vida é transformada, minha relação com Ele, o Pai Santo e eterno, com meu próximo e com o mundo a minha volta é totalmente transformada. Assim não libero ou produzo o perdão, esse perdão simplesmente é gerado em mim, pois percebo que não sou melhor que meu irmão e posso fazê-lo sofrer tanto quanto. Isso vale para o relacionamento de um casal, de irmão da igreja, de amigos, familiares, ou seja, vale para qualquer relação quer tenhamos ou venhamos a ter.


Que possamos suplicar a Deus sentirmos esse perdão e assim, experimentando esse perdão pleno de Deus, possamos sentir o Espirito Santo gerando em nós o perdão aos nossos semelhantes.


A palavra perdoar significa doar plenamente ou constantemente. Isso é uma atitude possível apenas para Deus que é em si mesmo e tem o que doar eternamente e constantemente. Nosso perdão pode ser apenas em parte o reflexo bem pequeno e distante dessa ação gloriosa do nosso Pai.

           

e)    “e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.”
 Como é fácil cairmos nas tentações da nossa própria natureza caída!

 

Sabemos que uma outra tradução possível é: “não nos conduza a tentação”, pois era comum pensar em Deus conduzindo seus filhos a alguma tentação, contudo aqui Jesus está ensinando a suplicarmos a Deus que nos ajude em nossas fraquezas, pois como disse Tiago Deus não tenta ninguém (Tg 1.13-15), o mau e o pecado tem origem exclusivamente em nossa carne.


Por isso aqui o pedido é: Senhor tem misericórdia de mim e me livre do mal que habita em mim (Romanos 7.19-20). Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ensine a orar de maneira sincera, buscando Nele o tratar de nossa natureza pecaminosa.


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