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terça-feira, 7 de julho de 2020

DE JOELHOS NO CHÃO E CORAÇÃO ALTIVO

“Entre os vários erros cometidos pela cultura moderna, um deles é tentar negar que a culpa é um instrumento essencial de humanização” (Luiz Felipe Pondé)

Esse diagnóstico do filósofo pode ser encontrado no meio cristão de uma maneira gritante, em especial no meio evangélico. Perceba como as pregações humanistas são populares hoje, a prática de enaltecer o homem está presente nas canções e pregações, praticamente em todas as igrejas.

Não se ensina mais a necessidade de submissão a Deus, a bíblia é interpretada ao gosto do público, pastores, como nos lembra Willian Lane Craig, deixaram de ser mestres para se tornarem gerentes, líderes, cujo o objetivo é motivar as pessoas a participar dos eventos. Infelizmente muito se tornaram meros animadores de auditório, para pessoas que buscam entretenimento aos finais de semana.

Contudo, precisamos perceber que isso não é algo novo, é comum pensarmos esses males como sendo fruto de nossa época, infelizmente não é, aliás esse pensamento também é uma cegueira que possuí a mesma essência, a cegueira para o fato de que o ser humano é insuficiente, tem em si a irresistível tendência para pecar contra Deus.

Vejamos o que a Bíblia nos ensina:

Isaías 29:13 Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído.

Mateus 7:4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 7:5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

Veja, caro leitor, como sempre fomos hipócritas, o povo adorava a Deus com os lábios, mas o coração estava longe, era apenas aparência; Jesus censura àqueles que ficavam recriminando seus semelhantes mas faziam coisa pior. Essa sempre foi a tendência humana, afinal acusar o outro naquilo que sou melhor – ou que ao menos aparento ser melhor – me faz me sentir mais santo. Reconhecer a própria carência é muito difícil pois causa dor.

Mas é por isso que ser cristão é tão difícil, ser frequentador de Igreja é muito fácil, basta cantar, dar uns glórias a Deus forte, dependendo da Igreja pular, bater palma e rodar, me ajoelho um pouco no início do culto ou um pouco antes do culto e está feito o ritual, ou seja, dobramos nossos joelhos mas não dobramos nossos corações e mentes. Nada mais distante de ser cristão que isso.

Para realmente ser cristão temos que reconhecer o mal dentro de nós (Romanos 7.19-20), dobrar nossos joelhos, nossa mente e coração e confessar a Deus quem somos de verdade, assim como Jacó teve que fazer com o anjo, dizer sou Jacó, sou pecador, mau, só Cristo pode me salvar. Mas dizer não é suficiente, é preciso viver assim. Essa fala será vazia se em seguida eu me levanto e digo: “EU tomo posse”, “EU repreendo”, “ EU abençoo”, “EU recebo”... e várias outras expressões que exaltam o EU, quando deveríamos exaltar Cristo, Aquele que morreu e ressuscitou para nos salvar. Ele pode fazer, a Ele pertence tudo, inclusive minha vida (Salmo 19 e 24). Cristo tem Direito, é dono de tudo, pois o Pai, Deus deu a Ele, nós só temos carências, pecado, maldade e devemos tudo a Cristo.

Além disso, devemos lembrar que o pecado e o mal é a condição de todo ser humano, não temos condições de fazer um mundo melhor ou uma sociedade melhor, apenas Deus tem poder para nos redimir. Por isso vamos nos curvar diante de Deus e sentir a dor do mal que habita em nós e assim nos curvarmos diante Daquele que pode nos perdoar e nos dar alguma alegria durante essa existência caída e assim podermos ter vida de verdade, pois só ele é a Ressureição e a Vida; Jesus é nossa vida aqui, mas também é o nosso Salvador que através de seu sangue nos dará acesso à vida Eterna. Que Deus nos abençoe e nos ensine a verdadeiramente ajoelharmos diante Dele.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Não pague para ser condenado

"se dermos o dízimo pelos mesmos motivos que os fariseus estamos apenas pagando pedágio a caminho do inferno"


De tempos em tempos a discussão sobre o dízimo vem a tona, seja no ambiente congregacional das igrejas ou mesmo em meios seculares em forma de críticas àqueles que defendem essa prática. Também não é raro vermos líderes evangélicos defendendo que o dízimo não é bíblico.

Com todo respeito a todas as opiniões, e sem querer me exaltar, mas já me exaltando; acho que ambas as posições são insuficientes para explicar o que Jesus ensinou sobre dízimos e ofertas. 

Se de um lado os que defendem a prática do dízimo como mandamento e seu cumprimento sendo necessário para salvação estão operando na lógica religiosa, aqueles que combatem a prática do dízimo sob o argumento de que não vivem uma religião estão operando na lógica humanista que busca adaptar os ensinos bíblicos aos ideais humanos, criando assim uma religião moderna e confortável para a mente do indivíduo contemporâneo. 

Jesus ao confrontar os fariseus (Mateus 23.23-25) os chama de hipócritas porque davam o dízimo mas ignoravam os fundamentos da Lei, que são a justiça, a misericórdia e a fé; acrescentando que eles deviam fazer um sem ignorar o outro; ou seja, Jesus não está dizendo que não devemos dar o dízimo e as ofertas mas está dizendo que se não entregamos o dízimo pelas razões certas estamos em pecado, se dermos o dízimo pelos mesmos motivos que os fariseus estamos apenas pagando pedágio a caminho do inferno.

Então o que deve nos motivar a entregar dízimos e ofertas na igreja? Antes de responder entendo ser necessário mais algumas considerações sobre a lógica religiosa dos fariseus que perdura até hoje. Realmente há ensinos que colocam um peso sobre os irmãos, constrangendo as pessoas a darem dinheiro para líderes cegos e gananciosos (Mateus 23.14 e 26) que não se importam com a pregação do evangelho mas estão preocupados com seus ganhos pessoais e com a administração da instituição. Isso leva a ideias como enunciamos acima, pendendo para o humanismo que tende a negar qualquer mandamento ou dever por parte do cristão.

Caro leitor, atenção por favor, não estou aqui defendendo que dar o dízimo seja um mandamento ou obrigação que implique em pecado caso seja descumprido; o que estou dizendo é que entregar o dizimo ou não entregar não é nada em si, isso será pecado ou não pela motivação de cada um. Ou seja se entrego para cumprir uma obrigação e ficar bem aos olhos da minha liderança estou em pecado, pois minha motivação é puramente humana e pior é política pois estou me curvando e respeitando mais a “autoridade” humana que Deus, ou pior, estou atribuindo autoridade divina a um líder que Deus não atribui pelas escrituras; igualmente se deixo de entregar o dízimo por avareza também estarei em pecado pois meu amor ao dinheiro é maior que meu amor às coisas de Deus, pois onde estiver meu coração, ali estará o meu tesouro (Mateus 6.19-21).

Então vamos lá, sem mais rodeios, qual a motivação correta, bíblica para se entregar o dízimo? Uma só. Nós fomos salvos, vivemos na comunidade dos santos, amamos nossos irmãos em Cristo Jesus e desejamos contribuir com essa comunidade, em nossos dias sabemos que há contas a se pagar, aluguéis, e o mais importante há obreiros e irmãos que precisam da ajuda financeira da igreja, portanto se sabemos que a igreja usa o dinheiro do dízimo para tais finalidades devemos entregar com alegria para que o povo de Deus seja beneficiado.

Pare com argumentos tolos, dizendo que é para obra de Deus, pois o Deus que servimos não precisa de dinheiro para realizar sua obra e alcançar os homens para salvação. Mas o dinheiro é sim para o beneficio daqueles que estão buscando a Jesus e anunciando a salvação.

Por fim é importante repetir: não é a ação que condena ou que salva e sim a motivação, cito novamente Mateus 6.19, onde estiver o meu coração ali estará o meu tesouro; o que você ama mais, a Cristo e a igreja ou ao dinheiro? A quem você serve? Jesus perguntou a Pedro se ele O amava; quando Pedro disse que amava Jesus mandou que ele apascentasse as ovelhas; quem ama a Cristo O serve.

Contudo Deus não precisa ser servido (Atos 17.25), servimos a Deus quando servimos a Igreja, ou seja, servimos a nossos irmãos. E entregar o dízimo é uma das maneiras de servirmos a nossos irmãos em Cristo.


terça-feira, 19 de maio de 2020

Deus “não” está no controle!


Sinceramente esse “deus” anunciado por esse rapaz não é digno de respeito, consideração, admiração, muito menos adoração. O personagem que ele anuncia não é o Deus de Israel, é apenas um amigo imaginário que massageia o ego dele.

É bem verdade que as heresias sempre existiram e não devemos nos assustar ou nutrir grandes preocupações, tampouco empreender campanhas, guerras “santas” ou cruzadas contra os hereges. Não vale a pena! Aliás quem devota a vida a ficar se digladiando nas redes sociais em “defesa da fé” está com a “vida ganha”, não tem boletos pra pagar; nem uma vida devocional com Deus para se preocupar. 

Contudo, não quero com isso dizer que não devemos responder às heresias, apenas não devemos perder tempo com elas, na verdade a resposta é necessária até para nós mesmos, pois a nossa fé precisa estar fortalecida e firmada em Deus através das escrituras. 

Essa semana recebi um link de mais uma pérola de um jovem palestrante (não dá pra chama-lo de pregador, muito menos de pastor, ou qualquer outro termo que designe ministério), em um vídeo, ele afirma que se Deus estivesse no controle de tudo não existiria coronavírus[1]

Tenho certa compaixão dessas pessoas, pois é uma fala tão ingênua, que não sei como ele consegue se levar a sério dizendo isso. Sempre lembro de uma reflexão do Luiz Felipe Pondé (volto a citar um ateu, pois ao contrário do palestrante gospel, ele pensa para falar) em que ele diz que se tornou ateu quando criança e que é muito fácil ser ateu exatamente pelo fato do mundo não fazer sentido e existir muita maldade, nesse contexto é inconcebível um Deus todo poderoso e bom. Contudo o mesmo filósofo admite que o Deus judaico-cristão é uma possibilidade inteligente e que demanda muita sofisticação para lidar, pois é um ser que é em si mesmo, ou seja, Ele é causa de si mesmo, fora do tempo e da linguagem, em outras palavras, eterno e não pode ser entendido plenamente pela mente humana, consequentemente não é totalmente explicável. 

Mas voltemos a nosso palestrante, veja se não devemos ter compaixão dele: como é triste acreditar em um “deus” fraco, que é surpreendido por um vírus, incapaz de impedir a existência de um vírus; pior, cria-se esse demiurgo [termo que designa um ‘deus’ menor, de segunda classe na mitologia grega] apenas pela covardia de se admitir e se submeter a um Deus onipotente que não fica o tempo todo dizendo o quanto nos ama, pois ao contrário de suas palestras onde o “deus” que ele prega vê um valor infinito na humanidade, a bíblia nos confronta profundamente, mostrando o quanto somos frágeis, insuficientes e carentes do Deus todo poderoso. 

Sinceramente esse “deus” anunciado por esse rapaz não é digno de respeito, consideração, admiração, muito menos adoração. O personagem que ele anuncia não é o Deus de Israel, é apenas um amigo imaginário que massageia o ego dele. 

Contudo caro leitor, esse pensamento não é recente, desde o início da era Cristã isso é discutido, no século XVIII, o filósofo David Hume formulou o problema da incompatibilidade entre Deus e o mal da seguinte maneira: 

Se ele quer evitar o mal, mas não é capaz de fazê-lo, então ele é impotente. Se ele é capaz, mas não quer evitá-lo, então ele é malévolo. Ora, se ele quer evitar o mal e é capaz de evitá-lo, então como se explica o mal?[2]

Claro que cremos pela bíblia que Deus é completamente bom e todo poderoso (onipotente), então como responder a pergunta do filósofo? Ora, essa resposta é bem simples mas inaceitável para quem segue essa filosofia humanista que retirou Deus do centro e pôs o homem. 

Após pecar no Édem Adão legou toda a humanidade ao pecado e com isso ao sofrimento, o mal é consequência disso, não faria sentido pessoas más, desobedientes, incapazes de honrar ao seu Criado, viverem em um mundo perfeito. Ou seja, o mal existe porque nós existimos, para retirar o mal do mundo Deus teria que nos retirar do mundo, como quase fez na época de Noé. 

Paulo muito tempo depois de convertido afirma que o mal habita nele (Romanos 7.19-20), portanto o mal (doenças, calamidades, violência, etc.) existirá no mundo até que Jesus volte e transforme aqueles que creem Nele e condene os que o rejeitaram. Lembre não é nosso pecado que nos condena, mas a rejeição ao perdão oferecido por Cristo na cruz. 

Não se engane meu caro amigo e irmão em Cristo, essas bobagens, que são conceitualmente heresias pois afetam a compreensão da obra redentora de Deus, são apenas fruto da vaidade de pessoas que não se curvaram ao Senhor Jesus, ao Deus soberano e pensam que podem dizer quem é Deus. Eles deviam ler mais o livro de Jó. 


[1] https://pleno.news/fe/victor-azevedo-e-criticado-por-duvidar-da-soberania-de-deus.html 

[2] David Hume. Dialogues ConcemingNaturalReligion. Indianapolis, Bobbs-Mcmll, 1980, parte 10, p. 198 apud CRAIG, William Lane. Apologética para questões difíceis da vida. São Paulo: Vida Nova, 2010. Tradução de: Heber Carlos de Campos.






terça-feira, 12 de maio de 2020

A dEUSA ESTÁ MORTA

 Segundo os cientistas, verdades inquestionáveis só existem nas religiões.


Em seu livro "A GaiaCiência", o filosofo Friedrich Nietzsche "decretou" a morte de Deus, colocando a ciência em seu lugar, fazendo dela a deusa da modernidade. Mas parece que tamanha idolatria está levando a morte dessa deusa, ao menos de seu monopólio, transformando a ciência em uma religião politeísta, submetendo as pesquisas e o conhecimento cientifico a ideologia política.

O filósofo Luiz Felipe Pondé nos lembra que a ciência nunca foi monolítica (um bloco único e indivisível), sempre houve divergências entre pesquisadores. Para usar o exemplo do próprio Pondé, podemos pensar nos debates sobre o uso da “cloroquina” no tratamento do coronavírus; como ele mesmo afirma há pesquisadores sérios defendendo o uso do medicamento, ou usando de maneira controlada o medicamento para que se tenha mais dados; e outros pesquisadores, tão gabaritados quanto os primeiros que alertam sobre seus riscos, chegando a se posicionarem de maneira radical contra o seu uso. 

Mas nesse cenário de pandemia percebemos algo muito relevante, para a maior parte das pessoas é mais importante reproduzir discursos feitos pelas suas lideranças políticas, sejam daqueles que estão no poder ou de seus opositores – ambos estão agindo da mesma forma, que analisarem as pesquisas científicas. Isso vale não só no Brasil, mas em todo o mundo, a própria OMS fez chutes sem que houvesse um parecer científico. Importa aqui dizer que ciência é método, é aí que vemos a idolatria de muitos. Sem que se evidencie os métodos são feitas afirmações que por sua vez são tomadas como verdades inquestionáveis. Segundo os cientistas, verdades inquestionáveis só existem nas religiões. 

Mas o que a Bíblia nos diz sobre isso? Bom, a ciência vem avançando de maneira espantosa desde meados do século XX, houve um desenvolvimento técnico científico sem precedentes na história humana, isso a Bíblia disse que aconteceria, veja em Gênesis 11.6, em que mediante a vaidade dos homens de construir uma torre Deus afirma que não limitará mais os empreendimentos humanos; e Daniel 12.4, em que o profeta afirma que nos últimos dias haveria grande correria e a ciência iria se multiplicar. 

Perceba caro leitor, não é esse avanço científico algo tão lindo; ou melhor, deveria ser, mas como rejeitamos nosso Senhor e criador, até a ciência é decaída, gerando toda essa idolatria. Nós, com nossos corações inclinados para o mal, sequer ligamos para as conquistas do conhecimento humano, preferimos dar ouvidos às nossas ideologias a nos esforçarmos para compreender a realidade, prefere-se criar núcleos para discutir (brigar mesmo), mascarar pesquisas, manipular resultados, criar modelos de “pico” de contágio sem dados suficientes (aliás, como teremos um pico de contágio, estando todos em isolamento social? Ora, o pico de contágio só será alcançado quando estivermos interagindo normalmente...). 

Diante de tal cenário, vemos duas coisas, a vaidade humana criou uma deusa, o que não é nada demais, pois desde que o homem decaiu da presença de Deus lá no Édem, ele vem criando seus deuses; e esse corona vírus veio mostrar a morte dessa dEUSA, ao menos o seu fracasso em tentar ficar no lugar do DEUS VIVO. 

terça-feira, 5 de maio de 2020

Igrejas fechadas, cultos proibidos! Estamos Desigrejados?



Estamos proibidos de cultuar a Deus! Fecharam as igrejas! “Ninguém vai fechar minha(s) igrejas!” [...] as afirmações acima só podem vir de pessoas que não sabem minimamente o que é igreja ou culto. Igreja não é o prédio, culto não é o ajuntamento das pessoas. 


Estamos proibidos de cultuar a Deus! Fecharam as igrejas! “Ninguém vai fechar minha(s) igrejas!” Frases que ouvi nesse período de isolamento social. Moro em BH, cidade em que em nenhum momento se proibiu as igrejas de funcionarem, apenas se orientou que usasse máscara, fosse feita a higienização e o número de pessoas fosse bem reduzido.

Mas as afirmações acima só podem vir de pessoas que não sabem minimamente o que é igreja ou culto. Igreja não é o prédio, culto não é o ajuntamento das pessoas. Igreja, do grego “ekklisía” significa “assembleia de fora” ou “chamados para fora”; nesse sentido a igreja são as pessoas que creem em Deus, invocam Seu Nome e anunciam seu reino, se essa mensagem é proclamada pela internet, em cima de um púlpito em um imóvel ou debaixo de uma árvore em praça pública não faz a menor diferença. Quanto ao culto, esse não é a reunião das pessoas mas a oferta de adoração e gratidão entregue por essas, nesse sentido eu posso estar em um local de culto e não cultuar, mas posso estar na minha casa e verdadeiramente estar cultuando. Cristo disse a mulher samaritana que não importava o lugar, importa se adoramos em espírito e em verdade (comunhão e sinceridade – João 4).

Com isso caro leitor, não se preocupe se o local que você estava cultuando está fechado, cultue da sua casa, não é o culto que está sendo online, apenas a transmissão da mensagem – cantada ou pregada – que está sendo via internet, isso na verdade é motivo de louvor a Deus, pois assim podemos compartilhar com muito mais pessoas, lembrem que na internet cabe muito mais gente que dentro de um imóvel, por maior que ele seja.

Por fim, esqueça as narrativas políticas, viva a sua fé, ouça as pregações de seu(s) Pastor(es) e continue firme pois Deus está no controle de todas as coisas. Quanto às lideranças, assumam a frente do seu povo, entregue palavras relevantes e que realmente instruam as pessoas, não permita que lobos e falsos profetas perturbem àqueles que Deus colocou sob sua responsabilidade. Que Deus abençoe a todos.



terça-feira, 14 de abril de 2020

A verdadeira oração há muito esquecida


"a oração é um exercício de humildade, de reconhecimento da nossa condição perante Deus, isso foi há muito esquecido pelas ultimas gerações"



Há umas semanas, em uma reunião com jovens por vídeo conferência, foi feita uma pergunta; se existe uma forma correta de orar. As respostas giraram em torno da sinceridade e de a quem a oração deve ser direcionada, se é certo orar ao Filho ou ao Espírito Santo.

Lá pelas tantas fiz uma intervenção lembrando que devemos sim seguir o ensino de Cristo na oração do Pai Nosso, ou seja, a nossa oração deve sim ser direcionada ao Pai, composta de glorificação a Deus (santificado seja o teu nome); pedindo pelas coisas celestiais, salvação, vida eterna (venha a nós o teu Reino); uma confissão sincera de submissão a Deus (seja feita a tua vontade); pedir pelas nossas necessidades (o pão nosso de cada dia nos dai hoje), sabendo que Cristo não morreu para nos dar coisas materiais; suplicando perdão conscientemente (perdoai nossas ofensas), não adianta pedir perdão sem arrependimento ou de falhas que não sabemos que cometemos; por fim pedir que para não cedermos a tentações e sermos livrados do mal, do pecado e da morte que o pecado impõe.

Além disso, lembrei que não basta a sinceridade mas a consciência de que Deus só nos atende através de Jesus, Ele é nosso intercessor, nosso advogado (I João 2.1). Jesus mesmo disse que se pedirmos em nome Dele o pai nos concederá (João 1.13).

Mas principalmente coloquei para aqueles jovens que não sabemos como orar (Romanos 8.26), não sabemos o que pedir, nem como pedir, em outras palavras, só Deus sabe o que é melhor para nós, portanto não adianta ficarmos nos apegando a divagações teológicas nem a sentimentalismos, precisamos conscientemente entender nossa condição tão pequena diante de Deus.

Hoje, em um sábado, ouvindo o louvor “A Calma[1]”, composto pelo irmão Diego Albuquerque[2], vi a síntese de tudo que falei acima, veja a primeira estrofe:

É na oração
Que fiz de coração
Que encontrei a calma
Que acalenta a alma
Onde o meu eu
Se submete a Deus
A paz que me invade
E traz a liberdade pra viver

Nessa letra o irmão em Cristo expressa exatamente, com a beleza que apenas um artista e poeta consegue, aquilo que jamais um teólogo ou simples professor como eu conseguiria ensinar pela rigidez da exegética: 1º) Sim a oração deve ser sincera, afinal de contas Deus sabe de tudo, não há a menor possibilidade de enganá-lo; 2º) A oração sincera é aquela em que nos submetemos a Deus, reconhecemos que Ele é Senhor e nós devemos aceitar a sua soberana vontade; 3º) Apenas a oração sincera, um exercício de submissão a Deus nos dá liberdade para viver[3]; a submissão a Deus nos faz entender a nossa condição, nos libertando da ilusão do nosso eu, de que temos algum valor em nós mesmos que atraia Deus, tudo que Deus dá é ato de amor e misericórdia.

Isso me lembra o livro do filósofo e pastor batista Jonas Madureira:Inteligência Humilhada[4]”, nessa majestosa obra teológica o pastor defende que não nos humilhamos diante de Deus, pois já somos humilhados, é uma condição humana estar humilhado diante de Deus. Enfim, a oração é um exercício de humildade, de reconhecimento da nossa condição perante Deus, isso foi há muito esquecido pelas ultimas gerações, passamos a determinar, não mais pedir a Deus, a fé passou a ser sinônimo de grandeza, quando deveria ser reconhecimento de pecado e carência de Deus. O amor de Deus deve nos constranger não nos envaidecer. Que Deus tenha misericórdia de nós.

Por fim, apenas uma breve observação: não quero enaltecer a arte e a música em detrimento do ensino, tampouco pretendo o inverso; apenas quero deixar claro que o ensino e a arte devem andar juntos. Não precisamos que a arte seja exegética, é necessário deixar a emoção falar; basta que cada um cumpra o seu papel, a quem cabe ensinar que ensine com esmero (Romanos 12.7), e o músico que expressar através da arte e talento que Deus lhe deu as suas experiências com Ele. Dessa forma a igreja de Cristo irá anunciar a todos a salvação em Jesus.



[1] Ouça o louvor pelo YouTube [clique aqui]
[2] Acesse o canal do YouTube [clique aqui]
[3] João 8.32
[4] Adquira seu exemplar pela Amazon [clique aqui]



terça-feira, 7 de abril de 2020

O Poço – Ideologia Insuficiente


...o protagonista, mesmo no fundo POÇO ainda acredita no “POSSO mudar a realidade”

...nada de bom vem de homens egoístas, pois até o que tentamos fazer de bom não passa de atitudes egoístas que visam nossos próprios interesses (Isaías 64.6).






No ano passado (2019) apresentei um trabalho no Encontro Nacional de Filosofia da Uninter (faculdade em que curso Filosofia) com o título “Ideologia Insuficiente[1], esse trabalho teve origem em uma resenha que publiquei na revista Percurso Acadêmico sobre o conto de Machado de AssisIgreja do Diabo” sob o título “Direito do Diabo[2]; em ambos os textos basicamente defendo que uma ideologia, seja ela qual for, é insuficiente para explicar a realidade.

Na obra do “imortal”[3] Machado de Assis o diabo comunica a Deus que fará sua própria igreja e seus ensinos serão totalmente contrários aos de Deus, bem como as praticas ensinadas serão todas contrárias aos costumes vigentes. Para a surpresa do diabo, em pouco tempo as pessoas voltaram a praticar as virtudes de outrora. Percebo nisso que não adianta querer impor costumes, comportamentos, seja pela lei (imposição legal que chamo de Direito do Diabo em minha resenha) ou por narrativas, embora essa ultima seja eficaz exatamente pela sua sutileza.

Mas seja qual for o método de imposição de uma ideologia ele fracassará mais cedo ou mais tarde; e esse fracasso, bem como os suas razões são expressas no final do filme “O Poço”.

Para quem não viu o filme – aconselho que não vejam caso tenham estômago fraco, pois é violento, polêmico e não tem um final feliz, se é que tem um final... E mais, em hipótese alguma permita que crianças e adolescentes assistam a esse filme.

Trata-se de uma estrutura vertical, com dois indivíduos em cada andar, ninguém sabe ao certo quantos andares têm, até que uma ex funcionária da administração afirma existir 250 andares. Diariamente desce uma plataforma com comida que para por um curto espaço de tempo em cada andar para que as pessoas se alimentem. Claro que aqueles que estão e cima comem mais, até que não sobre nada para aqueles que estão nos últimos níveis. Detalhe, a cada mês os indivíduos são mudados de nível.

O protagonista, ao acordar no nível 6, calcula o tempo que a plataforma demora para voltar a subir e com isso faz um estimativa de quantos andares tem, com a ajuda de seu companheiro de nível ele resolve descer e distribuir a comida de modo que todos possam comer. Começam usando de violência e decidem não dar alimento algum aos 50 primeiros níveis e a partir do nível 51 começar a distribuir comida.

Contudo antes de chegar no nível 51 eles encontram um homem na cadeira de rodas que diz ser necessário primeiro tentarem convencer as pessoas a acreditar neles, caso não aceitem ai sim devem recorrer a violência pois uma mensagem deve ser entregue. Argumento típico de quem defende ideologias, afinal eles sabem o que é melhor e por isso vale tudo.

A medida que descem os confrontos são mais intensos, descobrem que a plataforma não para em níveis onde não há pessoas vivas, o que coloca a matemática do protagonista em xeque; para sua surpresa ainda maior, há muito mais que 250 níveis, são na verdade 333, uma clara alusão ao apocalipse bíblico.

Mas o que quero ressaltar é o que Nassim Nicholas Taleb, em seu aclamado “A lógica do Cisne Negro”nos diz, sabemos muito menos do que achamos saber, e o pouco que sabemos é de uma irrelevância imensa. Afirmação perturbadora, ainda mais para aqueles que defendem ideologias e não se importam com a verdade.

No final, o protagonista, mesmo no fundo POÇO ainda acredita no “POSSO mudar a realidade”. Ele não admite sua ignorância, não percebe que nem mesmo a administração sabia a verdade, pois acreditava estar enviando comida suficiente e apenas o egoísmo impedia que todos tivessem acesso a ela, mas se considerar que impediram os 50 primeiros níveis de comer, em tantos outros não havia pessoas vivas e mesmo assim faltou comida, é a prova concreta que ninguém sabia o que fazer para gerar o bem estar pleno das pessoas.

Entenda caro leitor, a redenção não vem de uma ação humana, ou mesmo uma mensagem da mais refinada mente humana (ideologia), a redenção, a Salvação, vem unicamente de Deus que entregou o seu único filho por nós. Não se trata de uma mensagem, uma ideologia abstrata; mas de uma Verdade que atravessa os séculos.


Há um único Deus que pode mudar nossa realidade! A paz que desejamos jamais virá através do capitalismo, do socialismo ou de qualquer outra ideia humana, nada vem de bom de homens egoístas, pois até o que tentamos fazer de bom não passa de atitudes egoístas que visam nossos próprios interesses (Isaías 64.6).


[1] Acesse o texto “Ideologia Insuficiente” na íntegra [clique aqui]
[2] Acesse o teto “Direito do Diabo” na íntegra [clique aqui]
[3] Assim são chamados os membros da ABL (Academia brasileira de Letras)


terça-feira, 31 de março de 2020

A Hipocrisia nossa de cada dia


Nelson Rodrigues sabia de sua distancia absurda da santidade, é possível acusa-lo de muitos pecados, menos de ser um hipócrita, ao contrário desse que vos escreve, pois possuí a plena consciência de ser um ex-hipócrita.


Como dizia o cronista e dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues[1]: “a hipocrisia é a substância da vida pública”. Imagina se todas as vezes que alguém perguntasse se estamos bem, ao invés de respondermos educadamente que estamos, contássemos todas as lamurias e desventuras que nos afligem diariamente? Ou quando perguntamos se alguém gostou do que fizemos e respondem que foi bom, embora não tenham gostado nem um pouco. Por isso não pergunto sobre meu sermão ou aulas (risos). Se não fosse essa hipocrisia a vida em sociedade não existira.

Talvez o prezado leitor esteja pensando: “isso não é hipocrisia; é apenas educação ou polidez”; educação e polidez são apenas o nomes bonitos que damos para falta de sinceridade que devemos usar no dia a dia.

Contudo não é esse tipo de hipocrisia que condeno, nem sempre devemos ser plenamente sinceros. O que Cristo condena é a hipocrisia dos fariseus em apontar pecados alheios (Mateus 23), no fundo condenamos a prática que conseguimos evitar mas adoraríamos fazer; em outras palavras a condenação ferrenha é uma auto afirmação, aquele que se acha muito santo(a) precisa de um pecador imundo a quem possa apontar e em relação a quem seja esse santo ou santa que imagina.

O problema é que somos condicionados a isso, não é culpa das igrejas, isso é uma condição humana, somos tão ruins que precisamos de pessoas piores que nós para nos sentirmos um pouco melhor, não é a toa que desde criança quando um adulto nos corrige logo apontamos um comportamento pior de um colega ou irmão. Nada representa melhor a imitação de Adão em nós do que a hipocrisia de apontar o pecado alheio.

Não estou dizendo que temos que aceitar o pecado das pessoas e fazer vista grossa, devemos reconhecer que temos tanta dificuldade em resistir quanto o nosso irmão. Se conseguimos resistir a alguma prática pecaminosa e nosso irmão não devemos firmemente mostrar a ele ou ela que aquela prática é pecaminosa e ajudar mostrando como fazemos para evitar, mas sem ficar acusando, pois temos a mesma probabilidade de cair no pecado que ele, apenas hipócritas não reconhecem a possibilidade de pecar.

Ainda vale lembrar que hipócrita[2] é a melhor palavra para caracterizar esse tipo de pessoa, pois se vestir de uma santidade que não tem é usar uma personalidade que não o pertence é a mais pura forma de hipocrisia, umas vez que essa palavra designava o ator do teatro grego, significando inicialmente “fingir”, ou seja o hipócrita era aquele que fingia ser quem não era, com o passar do tempo a palavra ganhou o sentido pejorativo que tem hoje.

Mas além dessa hipocrisia tem uma outra muito comum e igualmente nociva que é aquela que chamamos de polidez ou educação mas que não tem nenhum interesse em manter a convivência mas sim a de promover interesses pessoais e egoístas, isso é um problema, confesso que sempre tive dificuldades em concordar com ideias apenas para ficar bem com alguém, isso me custou e custa muita coisa, mas com o tempo aprendi que devo ficar calado para não “comprar brigas” desnecessárias (aprendi que poucas coisas valem a pena brigar), mas jamais devo abrir mão de minhas convicções para agradar os outros.

Por isso escrevo, pois aqui posso ser totalmente sincero, sabia do poder que a escrita tinha em tese mas desde que comecei a escrever habitualmente percebi como é bom e como posso deixar aqui o que penso sem amarras ou censuras e quem tiver interesse em saber o que penso tem onde procurar.

Por fim o leitor que conhece a biografia[3] de Nelson Rodrigues deve estar se perguntando como posso citá-lo em um texto que fala sobre pecado? Só por se perguntar isso já demonstra ser do grupo dos hipócritas. Nelson Rodrigues sabia de sua distancia absurda da santidade, é possível acusa-lo de muitos pecados, menos de ser um hipócrita, ao contrário desse que vos escreve, pois possuo a plena consciência de ser um ex-hipócrita.



[1] [cliqueaqui] para adquirir a obra “A vida como ela é”
[3] [cliqueaqui] para adquirir uma das biografias de Nelson Rodrigues

terça-feira, 24 de março de 2020

A morte que vem de Deus

"temer a morte é como temer o nascer ou o pôr do sol"


Antes de falar realmente o que tenho em mente, é preciso dizer que embora esteja escrevendo esse texto durante o período de quarentena por causa do corona vírus, a morte que me refiro aqui não tem nenhuma relação com esse vírus de origem asiática.

Tampouco estou tratando da morte espiritual, que para os leitores envolvidos em algum contexto eclesiástico ou teológico é um termo bem conhecido, nem mesmo estou falando da morte para o mundo, expressão usada como sinônimo de conversão.

Então do que estou falando afinal? Simples! Me refiro a morte normal, que todos nós passaremos por ela. Em momentos de epidemias ou de doenças graves que antecedem o mal irremediável, pelo qual todos passaremos, é normal ouvir palavras de encorajamento e de consolo. Palavras essas que são muito bem vindas, não me entenda mal caro leitor.

A reflexão que deixo é de que a morte é tão natural quanto a vida, claro que amigos, irmãos e teólogos (profissionais ou curiosos) vão me rebater dizendo que a morte é uma consequência do pecado, pois foi após a queda (pecado de Adão em desobedecer a Deus, desprezando o mandamento divino, que repetimos individualmente em nossas práticas) que a morte passou a vigorar sobre o mundo.

Com todo respeito a crença de meus irmãos e estudos dos grandes teólogos, ouso discordar, não faz muito sentido Deus criar o homem imortal, pois seria estranho todos os seres morrerem e só o ser humano permanecer vivo, além da super população que rapidamente iria se acumular na terra. Sobre isso ainda podem objetar dizendo que a natureza inteira só passou a morrer após o pecado do homem, não me parece que as leis da física foram alteradas com o pecado do homem, as leis naturais foram estabelecidas por Deus na criação e ai estão, e estarão até o fim.

Ainda argumentando que foi o pecado de Adão a trazer a morte para o mundo usa-se o texto em I Coríntios 15.21-22, que diz:

²¹Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. ²²Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.

Mas se a morte física vem pelo pecado porque o sacrifício de Jesus anula apenas a condenação e não retira esse suposto efeito do pecado? Essa é até respondida facilmente. Mas há uma outra pergunta que os teólogos não conseguem responder e por isso mantêm a ideia de que a morte natural é consequência do pecado, a pergunta é a seguinte: se a morte física não for consequência do pecado qual foi a grande consequência do pecado?

A resposta é um tanto simples, a grande consequência do pecado foi o que a teologia chama de “depravação total”, a humanidade passa a estar morta em delitos e pecados (Efésios 2.1); com a queda fomos destituídos da Glória de Deus (Romanos 3.23), com isso a paz que o homem tinha antes do pecado de saber que a vida estava nas mãos do criador foi retirada e passamos a temer a morte.

Não passamos a morrer após o pecado, contudo sem um relacionamento pleno com o criador deixamos de entender que tudo é feito e determinado por Ele, com isso passamos a temer o futuro e deixamos de confiar no Deus todo poderoso pois a nossa natureza está desligada do criador, é por isso que Cristo é a ressurreição, Ele revive nossa consciência em Deus, nos leva a crer novamente na grandeza de Deus, em Seu amor, misericórdia e soberania.

O crente realmente convertido a Deus não teme a morte, nem se desespera, é importante lembrar que no Salmo 116.15 está registrado que Deus tem prazer na morte daqueles que são seus. Algo que as vezes escandaliza é dizer que Deus tem prazer na morte da criança, pois ali termina o sofrimento dela neste mundo caído.

Portanto caro leitor, esse texto é pra lembrar que a morte é uma determinação de Deus, o desejo dele é que a sua relação com Ele te permita não temer o fim da vida terrena, pois quando se trata da morte daquele que esta distante de Deus a Bíblia diz que Deus não tem prazer (Ezequiel 33.11). Aceite Deus em sua vida e viva a paz que só Jesus pode dar, não tema a morte, afinal de contas temer a morte é como temer o nascer ou o pôr do sol.



terça-feira, 17 de março de 2020

Religioso ateu ou Cristão pecador



“Ora se as obras não salvam também não condenam” (Rodrigo Silva)



Sei que o título soa estranho. Como assim um religioso pode ser ateu? Claro que não estou levantando a possibilidade de se ter uma religião sem se crer em alguma coisa ou algum ser transcendente. A provocação se dá em relação ao cristianismo contemporâneo que nega a Cristo, não entende quem Jesus é nem a sua obra na cruz.

A ultima frase que me assustou foi a de um palestrante dizendo que não se sente inferior a Cristo, ele disse: “você tem o mesmo valor de Jesus”, argumentando que se Jesus foi dado por nós logo temos alto valor. Uma grande mentira![1] Tiraram Deus e Jesus de seu lugar e colocaram a si mesmos, ou seja, religiosos que creem na própria divindade, uma vez que isso é absurdo se tornam ateus, pois não creem em nada além de si mesmos, como diz a música da banda Oficina G3: ”Os homens e seus espelhos mágicos, nada veem além de si mesmos...”

Parece algo ótimo de se dizer; o problema é que Cristo não pagou o preço que valemos, mas dívida que adquirimos, exatamente por desprezar a Deus, rejeitar o seu cuidado e seus mandamentos, isso acumulou sobre nós um juízo de morte, pois é a morte o salário ou a recompensa do pecado (Rm 6.23).

Nunca caia nessas mentiras caro leitor, nós somos seres caídos, destituídos da benção de Deus, nos tornamos inimigos de Deus por causa do pecado e envolvimento com o mundo (Tg 4.4). Essas interpretações humanistas que visam motivar e promover o palestrante (pois essas pessoas não são pregadores) são interpretações enganosas que levam multidões para o inferno.

Calma! Não estou fazendo terrorismo, sempre que falo de pecado gosto de lembrar da fala do pastor Rodrigo Silva registrada em palestra e em seu livro “O ceticismo da Fé”, em que ele diz:

somos condenados não pelo pecado que cometemos, mas somos condenados pelo perdão que rejeitamos. Ora se as obras não salvam também não condenam.

Nessa fala o pastor adventista nos traz a clareza sobre a salvação pela graça, somos salvos unicamente pela graça e misericórdia de Deus, a obra que salva é a obra de Cristo na cruz do calvário, ou seja, se sou um legalista e penso que entrarei no seu por deixar de praticar isso ou aquilo estou na verdade caminhando em santidade para o inferno, pois somos salvos apenas se cremos em Jesus como Deus e confiando que o Seu sangue derramado na cruz tem poder para lavar meu pecado.

Por outro lado se levo uma vida desregrada por que penso ser filho de Deus e meu ingresso para o seu está garantido sou um nominalista e estou no mesmo caminho dos judeus repreendidos por Paulo nas cartas aos coríntios, pois o salvo tem maior prazer nas coisas de Deus, em agir de maneira que agrade e glorifique o seu criado e Salvador, em outras palavras, a santificação é a resposta do salvo que entendeu a obra de Cristo na cruz e vive para agradecer a Ele. Isso é temor e difere do medo, pois o salvo não tem medo de ir para o inferno, o salvo é grato por ter sido perdoado e retirado do caminho para o inferno. Assim nos lembra Teresa D’ávila:

Não me move, Senhor, para querer-te,
o céu que me hás um dia prometido;
nem me move o inferno tão temido,
para deixar por isso de ofender-te.

Move-me tu, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido;
move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.

Move-me ao teu amor de tal maneira,
que a não haver o céu eu te amara
e a não haver o inferno te temera.

Nada tens a me dar porque te queira
pois se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que quero te quisera.

Chamo atenção para os dois últimos tercetos, se não houver céu ela ama, se não houver inferno ela teme, pois ela ama quem Deus é e teme, respeita, reverencia (não tem medo) a glória, a majestade do Deus criador e salvador. Caro leitor, sinceramente esse soneto é a melhor e mais sublime confissão de fé que conheço. Que Deus coloque esse mesmo sentimento e compreensão em mim.



[1] Deixei de citar o nome do autor da celebre frase mas deixo o link para o vídeo dele – clique aqui.