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terça-feira, 17 de março de 2020

Religioso ateu ou Cristão pecador



“Ora se as obras não salvam também não condenam” (Rodrigo Silva)



Sei que o título soa estranho. Como assim um religioso pode ser ateu? Claro que não estou levantando a possibilidade de se ter uma religião sem se crer em alguma coisa ou algum ser transcendente. A provocação se dá em relação ao cristianismo contemporâneo que nega a Cristo, não entende quem Jesus é nem a sua obra na cruz.

A ultima frase que me assustou foi a de um palestrante dizendo que não se sente inferior a Cristo, ele disse: “você tem o mesmo valor de Jesus”, argumentando que se Jesus foi dado por nós logo temos alto valor. Uma grande mentira![1] Tiraram Deus e Jesus de seu lugar e colocaram a si mesmos, ou seja, religiosos que creem na própria divindade, uma vez que isso é absurdo se tornam ateus, pois não creem em nada além de si mesmos, como diz a música da banda Oficina G3: ”Os homens e seus espelhos mágicos, nada veem além de si mesmos...”

Parece algo ótimo de se dizer; o problema é que Cristo não pagou o preço que valemos, mas dívida que adquirimos, exatamente por desprezar a Deus, rejeitar o seu cuidado e seus mandamentos, isso acumulou sobre nós um juízo de morte, pois é a morte o salário ou a recompensa do pecado (Rm 6.23).

Nunca caia nessas mentiras caro leitor, nós somos seres caídos, destituídos da benção de Deus, nos tornamos inimigos de Deus por causa do pecado e envolvimento com o mundo (Tg 4.4). Essas interpretações humanistas que visam motivar e promover o palestrante (pois essas pessoas não são pregadores) são interpretações enganosas que levam multidões para o inferno.

Calma! Não estou fazendo terrorismo, sempre que falo de pecado gosto de lembrar da fala do pastor Rodrigo Silva registrada em palestra e em seu livro “O ceticismo da Fé”, em que ele diz:

somos condenados não pelo pecado que cometemos, mas somos condenados pelo perdão que rejeitamos. Ora se as obras não salvam também não condenam.

Nessa fala o pastor adventista nos traz a clareza sobre a salvação pela graça, somos salvos unicamente pela graça e misericórdia de Deus, a obra que salva é a obra de Cristo na cruz do calvário, ou seja, se sou um legalista e penso que entrarei no seu por deixar de praticar isso ou aquilo estou na verdade caminhando em santidade para o inferno, pois somos salvos apenas se cremos em Jesus como Deus e confiando que o Seu sangue derramado na cruz tem poder para lavar meu pecado.

Por outro lado se levo uma vida desregrada por que penso ser filho de Deus e meu ingresso para o seu está garantido sou um nominalista e estou no mesmo caminho dos judeus repreendidos por Paulo nas cartas aos coríntios, pois o salvo tem maior prazer nas coisas de Deus, em agir de maneira que agrade e glorifique o seu criado e Salvador, em outras palavras, a santificação é a resposta do salvo que entendeu a obra de Cristo na cruz e vive para agradecer a Ele. Isso é temor e difere do medo, pois o salvo não tem medo de ir para o inferno, o salvo é grato por ter sido perdoado e retirado do caminho para o inferno. Assim nos lembra Teresa D’ávila:

Não me move, Senhor, para querer-te,
o céu que me hás um dia prometido;
nem me move o inferno tão temido,
para deixar por isso de ofender-te.

Move-me tu, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido;
move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.

Move-me ao teu amor de tal maneira,
que a não haver o céu eu te amara
e a não haver o inferno te temera.

Nada tens a me dar porque te queira
pois se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que quero te quisera.

Chamo atenção para os dois últimos tercetos, se não houver céu ela ama, se não houver inferno ela teme, pois ela ama quem Deus é e teme, respeita, reverencia (não tem medo) a glória, a majestade do Deus criador e salvador. Caro leitor, sinceramente esse soneto é a melhor e mais sublime confissão de fé que conheço. Que Deus coloque esse mesmo sentimento e compreensão em mim.



[1] Deixei de citar o nome do autor da celebre frase mas deixo o link para o vídeo dele – clique aqui.

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