“Deus não cria filhos mimados”
Há algum tempo tive contato com a obra de Theodore Dalrymple, pseudônimo do médico e psiquiatra britânico Anthony Daniels. Em seu livro “Podres de Mimados”, o autor faz uma análise de seus anos
exercendo a psiquiatria na periferia de Londres, atendendo pessoas de baixa
renda, com os mais diversos problemas. Contudo o que nos chama a atenção na
obra é o diagnóstico do autor ao verificar que os referidos problemas são os
mais triviais da vida, contudo as pessoas não sabiam lidar e transferiam a
culpa de seus erros e fracassos para a família, companheiros(as) ou mesmo para o
estado. Contudo jamais se viam como responsáveis pelos próprios erros. Aqui já
fica nossa primeira lição: quem não se responsabiliza pelos próprios erros e
fracassos jamais será capaz de protagonizar sucessos.
Recentemente reformulei e preguei na
igreja uma mensagem que escrevi há algum tempo sobre o filho pródigo (Lucas 15.11-32),
e esse fim de semana percebi que há uma relação imensa entre a história (parábola)
que o Senhor Jesus contou e essa realidade que vivemos, diagnosticada
brilhantemente pelo autor citado.
Antes, caro leitor, se faz necessário
um alerta: caso você seja um desses mimados que entende que o erro é sempre do
outro, cuidado, pois as considerações podem te deixar triste, então se prepare
ou abandone a leitura enquanto é tempo. Não interprete mal esse alerta, vejo
como necessário uma vez que essa mentalidade de mimados tem entrado muito no
meio cristão, é cada vez maior o número de pessoas cristãs que não querem ouvir
o que a Bíblia tem a nos dizer, sua verdade que nos confronta e diz que somos
indignos, necessitados e que há um Deus santo, inalcançável e dependemos de sua
misericórdia em vir até nós, sendo que em nós não há nenhum atrativo que
justifique sua benevolência em se relacionar conosco. Isso é a graça! Ao contrário
disso todos querem a pregação motivacional que diz que somos especiais, somos
filhos e por isso somos pequenos deuses... Além de absurdo é de uma
infantilidade impressionante.
Vejamos as lições da referida parábola:
primeiramente é importante ressaltar que Cristo estava respondendo a
religiosos, mimados que se viam como melhores que os outros e não admitiam que
Jesus estivesse comendo com pessoas “indignas” (como se eles também não fossem),
isso é típico de pessoas mimadas, se acham melhores, mais sofridas e dignas de
atenção que outros e ainda dão por “mal empregado” os relacionamentos saudáveis
e conquistas dos outros. São ressentidos.
A parábola começa falando “um certo homem tinha dois filhos”, caro leitor, a Bíblia não é sobre
eu ou você. A Bíblia é sobre Deus, o Pai que criou filhos que o rejeitaram. Nos
deu tudo, mas desde o Éden escolhemos nossa vaidade de achar que sabemos mais e
traçarmos um plano para nós e quando dá errado colocamos a culpa na mulher que
por sua vez coloca a culpa na serpente. Hoje é a mesma coisa a culpa é sempre
do devorador, não fui que gastei mais do que ganhei, não foi eu que escolhi
sair com a colega de trabalho e trair minha esposa, foi o adversário, sujo que
me fez fazer isso. Somos uma geração mimada.
Os dois jovens receberam a herança, um
foi pra longe, desperdiçou a herança, o outro ficou, mas ficou sem dar o menor
valor a casa do pai. Aqueles jovens agiram como se o Pai estivesse morto uma
vez que pediram a herança. O mais moço volta e pede para ser um jornaleiro
(empregado), entenda que a benção de Deus é para os filhos, não adianta fazer
campanha, pode até conseguir o que quer, mas para viver no céu tem que ter
compromisso de filho e pra isso temos que nos submetermos a autoridade do Pai,
deixar de sermos mimados e nos curvarmos a Ele.
Já o mais velho, com inveja do mais
novo disse que estava sempre ali e o pai nunca deu um cabrito para se alegrar
com seus amigos; assim é hoje, não estamos interessados em Jesus que é o
cordeiro que tira o pecado, queremos o cabrito para nos alegrar com amigos. Mas
a boa notícia é que Deus nos ama mesmo sendo mimados. Contudo, Deus não cria
filho mimado, deixa de lado isso e se submeta ao amor incondicional de Deus.
Ótima reflexão! Leio sempre os seus textos, e concordo que estamos em uma geração de mimados, inclusive me incluo por muitas vezes achar que Deus não liga para os "pecados pequenos" sendo que pecado é pecado independente do seu "tamanho". Parabéns pelos textos.
ResponderExcluirMuito obrigado! Sempre temos nossos momentos de ingratidão, faz parte da fraqueza da nossa natureza carente de Deus. O importante é reconhecermos e buscarmos a Deus para nos submeter a Ele. Que Deus, nosso Pai amoroso e justo te abençoe sempre. Grande abraço!
ExcluirÉ isso mesmo meus irmãos! Orai e vigiai, pois somente vós é responsável por seus atos. "O segredo da vida não é o que acontece com você, e sim, o que você faz do que acontece com você." Norman Vincent Peale
ExcluirDeus os abençoe! Abraços!